Novembro Roxo: médica destaca a importância do cuidado e da prevenção de partos prematuros

bebê prematuro
Foto: Freepik

A campanha Novembro Roxo – que tem 17 de novembro como o Dia Mundial da Prematuridade – leva um alerta às famílias e à sociedade sobre o crescente número de partos prematuros, suas causas e consequências. De acordo com o Ministério da Saúde, todo ano são registrados em torno de 340 mil nascimentos prematuros no Brasil, o equivalente a seis casos a cada dez minutos.

A médica neonatologista do Hospital da Criança, em Feira de Santana, Thaís Amaral Mota Rodrigues, destacou os principais desafios enfrentados pelos bebês prematuros. Segundo ela, a partir do momento que o bebê nasce antes do tempo, ele vai ter uma formação que pode ocasionar sequelas a longo prazo.

“Na maioria das vezes, nós temos pacientes que têm dificuldades respiratórias, que, às vezes, têm dificuldades visuais, porque eles são submetidos a grande quantidade de oxigenoterapia. Por conta disso, é um paciente que precisa de acompanhamento multiprofissional. Na maioria das vezes, ele é acompanhado por um pediatra, mas o ideal é que ele também seja acompanhado por um especialista pediatra, que a gente chama de neonatologista, justamente por essas complicações mais comuns que a gente costuma acompanhar”.

médica neonatologista do Hospital da Criança, em Feira de Santana, Thaís Amaral Mota Rodrigues
Médica Thaís Amaral Mota Rodrigues | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

De acordo com a médica, muitas vezes, o bebê ainda precisa ser acompanhado por outros especialistas como neurologista, um médico cardiopediatra, entre outras necessidades.

“Os bebês prematuros, eles também têm outras alterações. Então, têm maiores chances de terem hemorragia intracraniana, de terem alterações cardíacas, como defeitos cardíacos. Então, quanto mais prematura ela é, quanto mais precocemente ela chegou, maior a possibilidade e a dificuldade de acompanhamento. E quando eu falo de acompanhamento multiprofissional, é difícil a gente encontrar institutos que consigam oferecer todas as demandas”.

Thaís Amaral Mota Rodrigues informa que o tema da campanha Novembro Roxo deste ano é “Qualidade de cuidado”. Segundo ela, esse tema é muito importante e traz a reflexão sobre os avanços em relação aos cuidados com os bebês prematuros e também a importância de um acompanhamento adequado durante a gestação e preparação para o parto.

“Quando a gente fala de sensibilizar sobre causas da prematuridade, a gente quer tentar evitar a prematuridade. Porque por mais que tenham cuidados especializados, e hoje a gente tenha se desenvolvido muito no cuidado, o ideal é que o parto prematuro não aconteça. Hoje, devido aos momentos econômicos que nós estamos vivendo, nós estamos tendo mulheres cada vez tendo partos mais velhas, então isso aumenta o risco da prematuridade. A gente aumenta a quantidade de comorbidades, porque a mulher com avanço social, ela geralmente tem um papel no mercado de trabalho, então ela sempre posterga isso. E na hora que ela deseja ser mãe, acaba tendo uma gestação de alto risco. Então, a primeira forma de se preparar é na gestação, com conhecimento. E depois, se ela realmente viver um parto prematuro, ela precisa está dentro de um centro adequado”, destacou.

Segundo a médica, a taxa de sequela em bebês prematuros tem diminuído muito com os avanços dos cuidados, que de acordo com ela, devem ocorrer de imediato, após o nascimento do bebê.

“Por isso a importância de em uma unidade bem estruturada. Um bebê que nasce em um interior, que não tem uma maternidade, e que vai vir, às vezes, num transporte de ambulância, balançando, isso aumenta muito a risco de hemorragia intracraniana desse bebê e de sequelas, de uma paralisia cerebral. Então, o ideal é que ele nasça dentro de uma unidade fechada. Quanto mais prematuro, que já encaminhe para a UTI, tenha o mínimo de manipulação possível nas primeiras horas para diminuir os riscos de sequelas”, afirmou.

Após o nascimento do bebê prematuro, vem o processo de alta, que é feito com bastante observação, de acordo com a médica neonatologista. Segundo ela, cada hospital e cada unidade vai definir os seus critérios para a alta.

“É um processo longo e demorado. A gente tem bebês que permanecem dentro da unidade cerca de 90 a 120 dias, ou seja, é um bebê que termina a gestação dentro do hospital. E essa alta, ela vai se dar individualizada para cada bebê, porque vai depender das sequelas que aquele bebê tem, do que aquele bebê precisa de acompanhamento. No Hospital da Criança, por exemplo, a gente tem, geralmente, uma idade de 35 semanas de idade gestacional e um peso de pelo menos 1,850 kg para o bebê receber alta. Mas é claro que tem outras demandas”, explicou.

Entre os critérios para a alta, a médica afirmou que as famílias precisam estar conscientes das condições desse bebê. Ela frisa que é um processo de educação continuada para a família saber a importância de um acompanhamento multiprofissional pós-alta hospitalar.

“Se a gente não tem uma mãe participativa, que está dentro da unidade, esse bebê, às vezes, permanece mais dois, três dias, porque a gente precisa de uma mãe consciente do que é complicação, do que é apneia, de como deve proceder em determinadas situações. Durante todo o internamento, os pais são conscientizados sobre os riscos que esse bebê pode estar correndo, sobre as peculiaridades em relação à respiração, às vias digestivas, em relação à alimentação. São muitas especificidades individualizadas para cada bebê”.

Após a alta, os cuidados devem seguir em casa. Thaís Amaral Mota Rodrigues alertou para os cuidados com as visitas, com às vacinações e com a alimentação desse bebê prematuro, que está muito mais sujeito a ter complicações com doenças comuns. Além disso, ela alerta para a rotina de consultas e acompanhamento médico.

“Ter esse acompanhamento multidisciplinar é fundamental para o sucesso desse ser no futuro. Porque muitas vezes eu vou ter uma criança que pode ter sequelas graves, às vezes paralisia cerebral, e essas demandas vão depender muito desse primeiro acompanhamento. O acompanhamento geralmente segue entre os dois e os três anos, que são essas consultas mais frequentes. O bebê prematuro também tem vacinas especiais, que vai diminuir as chances e problemáticas que ele pode enfrentar ao longo do tempo. O bebê que não faz um acompanhamento adequado, tem muito mais chance de internamento hospitalar e muito maior chance de sequelas importantes que possam comprometer a qualidade de vida dessa família e dessa própria criança”, destacou.

Para tentar evitar a prematuridade, a médica destaca os cuidados que a gestante deve ter. Caso a mulher tenha alguma comorbidade, ela orienta que procure um centro adequado para poder fazer o acompanhamento da gestação para que o bebê tenha boa qualidade de cuidado desde o nascimento.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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