Mitomania ou só uma mentirinha? BBB expõe vulnerabilidade e levanta debate

Diego Hypólito
Diego Hypólito no BBB 25 | Foto: Reprodução / Globo

A recente edição do programa BBB revelou um episódio intrigante, onde Diego Hypólito foi desmentido por um flashback que mostrou seu momento de escolha da palavra “cobra” e sua afirmação de que “adora mentir” para os demais participantes. Este caso levanta questões sérias sobre o ato de mentir e seus impactos na comunicação do dia a dia e quando o alerta deve ser ligado. A Dra. Cristiane Romano, doutora em expressividade, e a psicanalista Rachel Poubel, analisam essa questão em profundidade.

Entenda o caso: Diego Hypólito mentiu para Gabriel sobre uma atitude no Queridômetro, que foi aberto nesta quarta-feira, 15, na casa do Big Brother Brasil.

“Mentir é uma prática comum que pode surgir de várias motivações, incluindo a necessidade de acessibilidade social, medo de exclusão, ou um desejo de manipular a percepção dos outros”, observa a Dra. Cristiane. Segundo estudos da American Psychological Association, cerca de 60% das pessoas afirmam que mentem regularmente, seja para evitar conflitos ou por motivos pessoais. “Isso se torna um padrão que pode toxificar as interações e criar desconfiança”, completa.

A comunicação, fundamental para nossas relações interpessoais, é profundamente afetada pela mentira. Quando a verdade é distorcida, os laços de confiança se rompem, levando a mal-entendidos e conflitos mais profundos. A Dra. Cristiane destaca que a mentira também pode refletir transtornos psicológicos.

Então, qual é a diferença entre alguém que mente ocasionalmente e um mentiroso patológico? É apenas a frequência com que mentem ou as causas e motivações são diferentes?

Estudos indicam que o critério para mentira patológica é pessoas que contam uma quantidade excessiva de mentiras e isso prejudica, traz sofrimento e representa algum tipo de risco, de perigo para si mesmas ou para os outros.

“Cada vez que uma pessoa mente, ela se afasta da comunicação autêntica, e desenvolve uma máscara que pode levar a complicações emocionais maiores. É importante entender os sinais de que alguém pode estar mentindo, como inconsistências no discurso e linguagem corporal fechada”, explica a Dra. Cristiane.

A Dra. Cristiane também oferece dicas para melhorar a comunicação e reduzir casos de desinformação em interações diárias:

  • Pratique a transparência : estabeleça um ambiente onde a honestidade é valorizada, facilitando a troca aberta de informações.
  • Escute ativamente : demonstrar interesse genuíno nas opiniões e sentimentos dos outros, promovendo um diálogo construtivo.
  • Conscientize-se dos seus próprios motivos : antes de comunicar qualquer informação, reflita se há algum desejo de distorcer a verdade e por quê.
  • Foque na empatia : considerar como suas palavras podem variar entre si, criando uma comunicação mais compassiva e honesta.

Para a psicanalista Rachel Poubel, identificar o fator patológico é importante para mostrar que há a existência de algo com o qual as pessoas lutam. E ao fornecer um diagnóstico haverá mais benefícios do que danos.

A mentira no contexto emocional traz diversos problemas como a perda da confiança nos relacionamentos, isolamento social, problemas profissionais e até agravar quadros de ansiedade e depressão quando a pessoa é descoberta. Mas então por que a pessoa mente?

Segundo Rachel “a mentira traz benefícios para pessoa que conta mentiras, não que isso seja realmente um benefício, mas acomete pessoas com baixa autoestima e necessidade de aceitação e atenção na maioria das vezes, por isso a pessoa mente”.

Onde começa o hábito de mentir?

Estudos indicam que as crianças começam a mentir em torno dos 3 a 4 anos, quando passam a entender a distinção entre a realidade e a imaginação. Mentir pode inicialmente ser uma forma de lidar com situações sociais complexas, mas se não receber orientação, esse comportamento pode se tornar uma estratégia comum para evitar consequências ou obter vantagens.

Impactos na vida adulta

Quando esse hábito se transforma em uma prática crônica, pode gerar danos na vida adulta, incluindo dificuldades de relacionamento, problemas de confiança e, em casos extremos, transtornos de personalidade, como a mitomania.

O que é mitomania?

A mitomania é uma condição psicológica, uma compulsão ou hábito patológico de mentir. Onde a pessoa cria histórias falsas ou distorce a realidade. É diferente de mentiras ocasionais que geralmente são usadas para sair de alguma situação.

Neste caso é preciso tratamento com terapia para identificar os gatilhos das mentiras, criar uma consciência dos impactos prejudiciais desse comportamento e a importância da honestidade nos relacionamentos.

“Estamos acompanhando no Big Brother Brasil o caso do Diego Hypólito que está sendo considerado muito mentiroso. Algumas pessoas já estão considerando que ele sempre está mentindo, ou seja, é um mitomaníaco. É preciso entender melhor e conhecê-lo melhor.” alerta Rachel.

Ela continua “se trata de um atleta de alta performance, presumo que foi muito exigido desde a infância, e essa cobrança externa na carreira de um atleta de alto rendimento pode gerar essa necessidade de sempre agradar o próximo de ter uma baixa autoestima, e de achar que nunca é o suficiente porque ele sempre está competindo com outros atletas igualmente bons. Diego sempre falou de suas batalhas emocionais com depressão, o esporte e sua vida pessoal. Todo esse histórico pode explicar os episódios de distorção da realidade. Como sendo uma forma de ser compreendido, aceito pelo grupo ou até mesmo a tentativa inconsciente de se proteger emocionalmente e se sentir mais forte”.

“Como estamos falando de um programa de televisão onde eles estão sendo vigiados o tempo todo, e esse programa está no início ainda a situação fica mais grave. No começo os participantes ainda estão vigilantes com as ideias de estarem sendo observados o tempo todo. Essa situação vai diminuir e eles começarão a se acostumar com o fato de estarem sendo vigiados. Assim eles serão eles mesmos. Mas o contexto de um programa deste tipo é emocionalmente prejudicial para os participantes” reforça Rachel

Diante do contexto atual em que a desinformação é uma fonte crescente de conflito, seja ele interno ou externo, a Dra. Cristiane e a psicanalista Rachel reforçam a importância de saber identificar um possível problema e procurar ajuda especializada. “Cuidar da nossa forma de se comunicar e construir a consciência do certo e errado que se perdeu pelos problemas emocionais que ocasionam essa mentira patológica é essencial para construir relações saudáveis ​​e evitar tensões”, concluem.

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