Mais de 20 milhões de pessoas no mundo estão infectadas pelo HTLV e muitas não sabem, diz infectologista

ambulatório de infectologia
Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Mais de 20 milhões de pessoas no mundo estão infectadas pelo HTLV (Vírus Linfotrópico de Células T Humanas), sendo o Brasil o país onde mais tem gente com o vírus, que é transmitido em relações sexuais sem preservativo e também pode ser transmitido de mãe para filhos, através da amamentação. Em Feira de Santana, não existem dados específicos sobre a doença, mas no ambulatório de infectologia, cerca de 200 pessoas estão cadastradas em acompanhamento, inclusive com casos confirmadas.

O Acorda Cidade conversou com o médico infectologista, Dênio Santos Barros, que trabalha no ambulatório. Ele explicou sintomas, formas de prevenção e tratamento. De acordo com o especialista, o vírus pode persistir no organismo durante muitos anos sem trazer nenhum tipo de sintoma e só se manifestar após 15, 20 anos.

Diante dessa característica, o médico alerta que o vírus gera uma preocupação para identificar as pessoas que são portadoras antes delas apresentarem algum sintoma, com o objetivo de orientar e reduzir a chance da transmissão para outras pessoas.

Quando o HTLV apresenta sintomas, Dr. Dênio afirma que eles são muito variados, mas alertou que existem dois tipos de sintomas que são mais comuns ou mais prevalentes. Ele destaca que esse é um vírus que tem um comprometimento bem amplo no organismo.

“Um deles a gente chama de mielopatia associada ao HTLV, que é uma doença que afeta os nervos e a pessoa pode ter um comprometimento variado, que envolve desde dificuldades para caminhar com a redução de força nas pernas, até a dificuldade de controle da bexiga. A pessoa pode ter retenção ou incontinência urinária. A outra manifestação, que é menos comum, é um tipo de câncer de pele, que é grave, inclusive. Além disso, o vírus também está associado a problemas oculares e outras manifestações de pele”.

médico infectologista, Dr. Dênio Santos Barros
Médico infectologista, Dênio Santos Barros | Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

Embora os sintomas quando apresentados, sejam sérios, o médico afirma que, felizmente, a maior parte das pessoas que tem o vírus nunca vão manifestar nada, vão morrer de velhice ou de qualquer outra situação, sem apresentar nenhum sintoma do HTLV.

Diagnóstico e tratamento

Segundo o infectologista, o diagnóstico de HTLV é feito basicamente através do exame de sangue com um exame específico: a sorologia para a detecção de HTLV. É orientado que todas as pessoas que têm vida sexual ativa, faça esse exame uma vez por ano. O exame também é indicado para às gestantes, pelo risco de ela, ao amamentar, transmitir o vírus para a criança.

“Normalmente, durante a gravidez, a gente não tem nenhum problema maior, então a mulher que tem HTLV engravida, tem a gravidez normal, com o acompanhamento médico, mas a preocupação maior é depois que a criança nasce para que ela não ofereça leite materno, porque o leite realmente tem muito vírus e transmite com frequência. Isso é muito importante, pois muitas gestantes, nunca fizeram o exame de HTLV na vida e através do exame que se descobre a infecção”.

Com relação a tratamento, o médico Dênio Santos Barros alerta que não tem atualmente nenhum tratamento curativo e também não há vacinas contra o vírus. O especialista informa que quando a pessoa começa a desenvolver algum sintoma como, por exemplo, uma dificuldade urinária ou um problema de caminhar, os médicos têm muito pouco a fazer, por isso é preciso identificar a doença o mais precocemente possível.

“Em termos de tratamento, no momento, não tem nenhuma pesquisa que indique alguma coisa positiva para um futuro próximo. O tratamento é voltado para a manifestação, para o sintoma. Então, se a pessoa tem um problema de incontinência urinária, a gente pode indicar o tratamento adequado. Mas, em termos do vírus em si, ainda não tem nem vacina, nem medicamento que possa ser utilizado”, frisou.

Ambulatório

Em Feira de Santana, o ambulatório de infectologia acompanha os pacientes com o HTLV, onde encaminha para outras especialidades, conforme a necessidade.

“A gente não tem ainda algumas especialidades como neurologia aqui dentro, mas a gente consegue encaminhar para fora. A gente tem acompanhamento nutricional, acompanhamento psicológico e acompanhamento fisioterápico. A fisioterapia é um ponto importante no HTLV, por conta até de prevenção de dificuldades futuras. A parte da psicologia também, porque é uma doença que a pessoa fica muito preocupada e pode agravar a condição emocional”, afirmou.

Prevenção

Para evitar transmissão, a primeira dica do infectologista, é uso do preservativo nas relações sexuais. A segunda dica é que as mulheres grávidas façam o exame para detecção do HTLV. Além disso, ele destaca que todas as pessoas devem fazer a sorologia, já que a doença não apresenta sintomas.

Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade

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