O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), falou sobre o pacote de revisão de gastos que está sendo elaborado pelo governo Lula (PT). Ele afirmou que o Congresso avaliará e levará sugestões, fazendo apontamentos. “‘é melhor invés de cortar aqui, era melhor cortar ali’. Ou ‘eu acho que essa medida pode ser mais efetiva naquele outro caminho’. Todo mundo na hora do corte tem que ceder. Não só aqui, não só ali”, afirmou em entrevista à Folha de S.Paulo.
“Vai ter que cortar? Corta proporcional, corta em determinado lugar que afete menos as pessoas que mais precisam. Naquele programa que é menos importante, preservando sempre aqueles que são mais incisivos na mudança da vida das pessoas. Acho que tem que ser por aí, uma regra geral para isso.”
Lira ainda não foi consultado pelo Palácio do Planalto ou pela equipe econômica sobre o pacote. No entanto, já “vem alertando para um problema sério” que é o impacto dos pisos de saúde e educação, além da vinculação ao salário mínimo dos benefícios da previdência nas despesas públicas.
“Não estou entrando no aspecto se é justo ou não. Só que eles aumentam a despesa e pressionam muito o discricionário [despesas que o governo pode ou não executar, de acordo com a previsão de receitas, como custeio e investimento]. A saúde no último ano aumentou R$ 50 bilhões. Isso pressiona todo o recurso discricionário do governo, investimento e tudo. O teto vai ser pressionado. O arcabouço está aí e tem que cumprir as metas”, acrescenta.
O deputado também disse ser preciso tratar o assunto “de maneira eficaz” para evitar especulação. Nesta semana, o dólar fechou em forte alta, após declaração do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), de que não há prazo para o anúncio das medidas de contenção de gastos do governo e em meio a preocupações do mercado sobre as contas públicas do país.
“Para cumprir as metas, vai ter que cortar em algum lugar. Quando não diz quando, nem em que, tem problema de especulação de dólar, de juros, dessas coisas todas. Isso tem que ser tratado de maneira eficaz. O Haddad tem se esforçado”.