
O Dia Internacional da Conscientização sobre o HPV, dia 4 de março, é uma data fundamental para alertar a população sobre a prevenção, o diagnóstico e o tratamento do Papilomavírus Humano. O HPV é uma infecção sexualmente transmissível altamente comum e pode estar associada ao desenvolvimento de vários tipos de câncer, como o do colo do útero, ânus, vulva, pênis, vagina, garganta, além de verrugas genitais.
Para desmitificar as principais dúvidas sobre o vírus, o Acorda Cidade conversou com a médica infectologista Melissa Falcão.

O que é o HPV e como ele se transmite?
Segundo a especialista, o HPV é um vírus que infecta a pele e pode afetar também as mucosas. É muito comumente transmitido através das relações sexuais. Sendo assim, cerca de 80% das pessoas que têm uma vida sexual ativa vão ter contato com o vírus em algum momento da vida.
O HPV pode ser adquirido através do contato com as lesões visíveis, como verrugas, que são altamente infectantes. Apesar disso, a transmissão também pode ocorrer mesmo sem lesões aparentes, através do contato com secreções da mucosa uterina.
“Mesmo sem lesões, com o contato com a secreção da mucosa uterina, do colo uterino, quer dizer, ela pode ser transmitida. Então, o que faz com que essa disseminação do HPV seja tão grande é a facilidade de aquisição pelo contato. E não só as pessoas que têm atividade sexual podem adquirir, mas também sem atividade sexual, porque tem os tipos que são relacionados a lesões na região genital e as outras que são associadas às verrugas”, explicou.
O HPV pode ser transmitido pelo beijo?
De acordo com a infectologista, só se tiver verruga na cavidade oral, inclusive, a presença delas é um dos principais sintomas visíveis.
“O HPV pode infectar as mucosas, pode infectar a pele. Então, se tiver, por exemplo, uma lesão de HPV na língua, pode ser transmitida para outra pessoa, mas não é a maneira mais comum de transmissão, não é o local mais frequente”.

Quais os tipos de HPV mais perigosos?
Entre os mais de 100 tipos de HPV, os mais frequentes e relacionados ao câncer do colo do útero, câncer anal e outros tipos são o 16 e o 18, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). A boa notícia é que ambos estão inclusos na vacina oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e também na rede privada.
“As verrugas associadas ao papilomavírus são muito frequentes e se a causa dessa verruga, for o papilomavírus, sim, todos terão o HPV, mas tem tipos que não são associados a lesões por câncer, mas só lesões verrucosas que são mais associados a lesões cancerígenas”.
Quais são as formas mais eficazes de prevenção?
O uso de preservativos durante as relações sexuais também é uma das principais formas de prevenção, embora não seja 100% eficaz, pois o vírus pode ser transmitido pelo contato de pele com pele. Mas Melissa, reforça que para todos os tipos de ISTs, o uso de preservativos é fundamental para reduzir o risco de contágio.

A vacinação também é essencial e está disponível gratuitamente no SUS para meninos e meninas de 9 a 14 anos. Pessoas que vivem com HIV, fizeram transplante, têm câncer ou fazem uso de PrEP (profilaxia pré-exposição ao HIV) também podem se vacinar até os 45 anos.
“Falando de prevenção, uma maneira importante de prevenir lesões e câncer causados pelo HPV para a mulher é o exame Papa Nicolau, que deve ser feito pelo menos a cada três anos. Então, a mulher deve ir sempre ao ginecologista, o homem ir ao urologista. Além do exame físico, avaliar e visivelmente ver lesões, esses exames que a gente chama de screening, de pesquisa, de lesão também são importantes. Então, o HPV é diferente do HIV, mas ele pode ficar silencioso durante muitos anos e a pessoa pode estar lá com o vírus, achando que não tem risco e transmitindo infecção para outras pessoas sem saber”.
O HPV tem cura?
O HPV não tem uma cura específica, mas, na maioria dos casos, o próprio sistema imunológico consegue eliminar o vírus em até dois anos. No entanto, algumas cepas do HPV podem permanecer no organismo e causar verrugas genitais ou lesões. Essas que, se não tratadas, podem evoluir para câncer.
Embora não haja um medicamento específico para curar o HPV, as lesões também podem ser tratadas por meio de aplicações de ácidos, crioterapia, cirurgia a laser ou cauterização, dependendo do caso.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico pode ser feito por exames clínicos, Papanicolau, colposcopia ou por meio da coleta de secreção da região genital para identificação do vírus. No caso das verrugas, muitas vezes é necessária uma bópsia para confirmar a presença do HPV.
“Quando ela é retirada, o ideal é que ela vá para a biópsia para confirmar que realmente é relacionada ao HPV. Uma outra maneira de fazer o diagnóstico é através da coleta da secreção ou do pênis ou da secreção da vagina, para fazer essa pesquisa do HPV, mas tem indicação. Não é para fazer de rotina, só para saber se tem o vírus ou se não tem”.
Onde buscar tratamento em Feira de Santana?

Os serviços públicos de saúde oferecem acompanhamento para pacientes com doenças sexualmente transmissíveis. Em Feira de Santana, você encontra o atendimento no Centro Municipal de Referência em IST/HIV/AIDS, localizado na rua Professor Geminiano Costa, no Centro. Lá, é possível obter diagnóstico, orientação e tratamento adequado.
O atendimento especializado também pode ser encontrado no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da cidade, localizado no Centro de Saúde Especializado Dr. Leone Coelho Lêda.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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