HPV: O que é, como prevenir e tratar a infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo

Vacina contra HPV
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

O Dia Internacional da Conscientização sobre o HPV, dia 4 de março, é uma data fundamental para alertar a população sobre a prevenção, o diagnóstico e o tratamento do Papilomavírus Humano. O HPV é uma infecção sexualmente transmissível altamente comum e pode estar associada ao desenvolvimento de vários tipos de câncer, como o do colo do útero, ânus, vulva, pênis, vagina, garganta, além de verrugas genitais.

Para desmitificar as principais dúvidas sobre o vírus, o Acorda Cidade conversou com a médica infectologista Melissa Falcão.

Melissa Falcão
Melissa Falcão | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

O que é o HPV e como ele se transmite?

Segundo a especialista, o HPV é um vírus que infecta a pele e pode afetar também as mucosas. É muito comumente transmitido através das relações sexuais. Sendo assim, cerca de 80% das pessoas que têm uma vida sexual ativa vão ter contato com o vírus em algum momento da vida.

O HPV pode ser adquirido através do contato com as lesões visíveis, como verrugas, que são altamente infectantes. Apesar disso, a transmissão também pode ocorrer mesmo sem lesões aparentes, através do contato com secreções da mucosa uterina.

“Mesmo sem lesões, com o contato com a secreção da mucosa uterina, do colo uterino, quer dizer, ela pode ser transmitida. Então, o que faz com que essa disseminação do HPV seja tão grande é a facilidade de aquisição pelo contato. E não só as pessoas que têm atividade sexual podem adquirir, mas também sem atividade sexual, porque tem os tipos que são relacionados a lesões na região genital e as outras que são associadas às verrugas”, explicou.

O HPV pode ser transmitido pelo beijo?

De acordo com a infectologista, só se tiver verruga na cavidade oral, inclusive, a presença delas é um dos principais sintomas visíveis.

“O HPV pode infectar as mucosas, pode infectar a pele. Então, se tiver, por exemplo, uma lesão de HPV na língua, pode ser transmitida para outra pessoa, mas não é a maneira mais comum de transmissão, não é o local mais frequente”.

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Foto: Freepik

Quais os tipos de HPV mais perigosos?

Entre os mais de 100 tipos de HPV, os mais frequentes e relacionados ao câncer do colo do útero, câncer anal e outros tipos são o 16 e o 18, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca). A boa notícia é que ambos estão inclusos na vacina oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e também na rede privada.

“As verrugas associadas ao papilomavírus são muito frequentes e se a causa dessa verruga, for o papilomavírus, sim, todos terão o HPV, mas tem tipos que não são associados a lesões por câncer, mas só lesões verrucosas que são mais associados a lesões cancerígenas”.

Quais são as formas mais eficazes de prevenção?

O uso de preservativos durante as relações sexuais também é uma das principais formas de prevenção, embora não seja 100% eficaz, pois o vírus pode ser transmitido pelo contato de pele com pele. Mas Melissa, reforça que para todos os tipos de ISTs, o uso de preservativos é fundamental para reduzir o risco de contágio.

Foto: Rovena Rosa/Agência Brasil

A vacinação também é essencial e está disponível gratuitamente no SUS para meninos e meninas de 9 a 14 anos. Pessoas que vivem com HIV, fizeram transplante, têm câncer ou fazem uso de PrEP (profilaxia pré-exposição ao HIV) também podem se vacinar até os 45 anos.

“Falando de prevenção, uma maneira importante de prevenir lesões e câncer causados pelo HPV para a mulher é o exame Papa Nicolau, que deve ser feito pelo menos a cada três anos. Então, a mulher deve ir sempre ao ginecologista, o homem ir ao urologista. Além do exame físico, avaliar e visivelmente ver lesões, esses exames que a gente chama de screening, de pesquisa, de lesão também são importantes. Então, o HPV é diferente do HIV, mas ele pode ficar silencioso durante muitos anos e a pessoa pode estar lá com o vírus, achando que não tem risco e transmitindo infecção para outras pessoas sem saber”.

O HPV tem cura?

O HPV não tem uma cura específica, mas, na maioria dos casos, o próprio sistema imunológico consegue eliminar o vírus em até dois anos. No entanto, algumas cepas do HPV podem permanecer no organismo e causar verrugas genitais ou lesões. Essas que, se não tratadas, podem evoluir para câncer.

Embora não haja um medicamento específico para curar o HPV, as lesões também podem ser tratadas por meio de aplicações de ácidos, crioterapia, cirurgia a laser ou cauterização, dependendo do caso.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico pode ser feito por exames clínicos, Papanicolau, colposcopia ou por meio da coleta de secreção da região genital para identificação do vírus. No caso das verrugas, muitas vezes é necessária uma bópsia para confirmar a presença do HPV.

“Quando ela é retirada, o ideal é que ela vá para a biópsia para confirmar que realmente é relacionada ao HPV. Uma outra maneira de fazer o diagnóstico é através da coleta da secreção ou do pênis ou da secreção da vagina, para fazer essa pesquisa do HPV, mas tem indicação. Não é para fazer de rotina, só para saber se tem o vírus ou se não tem”.

Onde buscar tratamento em Feira de Santana?

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

Os serviços públicos de saúde oferecem acompanhamento para pacientes com doenças sexualmente transmissíveis. Em Feira de Santana, você encontra o atendimento no Centro Municipal de Referência em IST/HIV/AIDS, localizado na rua Professor Geminiano Costa, no Centro. Lá, é possível obter diagnóstico, orientação e tratamento adequado.

O atendimento especializado também pode ser encontrado no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA) da cidade, localizado no Centro de Saúde Especializado Dr. Leone Coelho Lêda.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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