Com receio de perder a maioria no Senado Federal na renovação de 2/3 das cadeiras em 2026, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) articula mudanças nas regras eleitorais. Atualmente, os eleitores escolhem dois candidatos para as duas vagas disponíveis em cada estado. A proposta apresentada pelo senador Randolfe Rodrigues (PT-AP), líder do governo na Casa, sugere que os eleitores votem em apenas um candidato, elegendo os dois mais bem votados.
O objetivo é aumentar as chances de candidatos governistas conquistarem uma das vagas, dificultando o sucesso de “dobradinhas” formadas por chapas da direita. Randolfe, cujo mandato termina em dois anos, defende a alteração como estratégia para unificar os votos da esquerda em cada estado.
Estratégia para evitar maioria oposicionista
O controle do Senado é considerado essencial para um eventual segundo mandato de Lula ou de outro candidato de esquerda a partir de 2027. Uma Casa Alta dominada pela oposição poderia criar dificuldades para o governo, incluindo a possibilidade de impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Com o aumento do discurso de candidatos ao Senado prometendo apoio ao impeachment de ministros do STF, como Alexandre de Moraes, que conduz o inquérito das fake news e os processos contra os envolvidos no 8 de Janeiro, o governo avalia a mudança como urgente.
Composição atual e cenário político
Em 2022, o Senado passou a ter 15 partidos em sua composição. As maiores bancadas pertencem ao PL, com 13 representantes, seguido do União Brasil, com 12. MDB e PSD possuem 10 senadores cada. O temor do Planalto é que uma maioria de oposição em 2027 dificulte a governabilidade e abra caminho para pautas contrárias aos interesses do governo.
A proposta ainda será discutida, mas já é vista como parte de uma estratégia mais ampla para fortalecer a base governista e evitar um Senado oposicionista em dois anos.