Gastos com patrocínios culturais disparam nos Correios

Os gastos dos Correios com patrocínios culturais aumentaram significativamente em 2024, alcançando R$ 34 milhões, valor muito superior à média anual de R$ 430 mil registrada entre 2019 e 2022. A disparada acontece sob a gestão do presidente Fabiano Silva dos Santos, em um momento em que a estatal enfrenta graves problemas financeiros e um risco iminente de insolvência.

Até setembro de 2024, os Correios acumularam um prejuízo de R$ 2 bilhões, aproximando-se do maior deficit da história da empresa, registrado em 2015, de R$ 2,1 bilhões, durante o governo Dilma Rousseff (PT).

Patrocínios internacionais e críticas

Entre os eventos patrocinados, destaque para a 36ª Feira Internacional do Livro, realizada em abril na Colômbia, que recebeu R$ 600 mil. O evento, que teve o Brasil como país homenageado, contou com a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), convidado especial devido à sua proximidade com o presidente colombiano, Gustavo Petro.

Os Correios, que não operam na Colômbia, justificaram o investimento como uma estratégia para “ampliar o alcance e visibilidade da marca”. A diretora de Governança e Estratégia, Juliana Picoli Agatte, representou a estatal no evento e apresentou uma palestra intitulada “Sustentabilidade nos Correios: impacto e eficiência para todos”. Juliana é ligada ao PT e foi indicada ao cargo pelo ex-ministro da Secom e atual prefeito de Araraquara, Edinho Silva, cotado para assumir a presidência do partido em 2025.

Em contrapartida, eventos de relevância nacional, como a Bienal do Livro de São Paulo, receberam valores menores. A edição de 2024 do evento paulista contou com R$ 400 mil em patrocínio, R$ 200 mil a menos que o valor destinado à feira na Colômbia.

Defesa dos Correios

Procurada, a estatal afirmou que “os valores investidos são compatíveis às contrapartidas e aos formatos de participação em eventos que atendem critérios técnicos”. A empresa também destacou que os contratos seguem diretrizes estratégicas e visam fortalecer a marca e os negócios.

A escalada nos gastos com patrocínios culturais, mesmo em meio à crise, levanta questionamentos sobre a prioridade dada a eventos internacionais em detrimento de ações no mercado interno. Enquanto isso, os desafios financeiros dos Correios seguem se agravando.

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