Fé, gratidão e cultura definem a Lavagem do Bonfim

Baianos e turistas celebraram 280 anos da chegada da imagem de Cristo crucificado a Salvador e pediram proteção, na manhã desta quinta-feira (16/01). A tradicional festa religiosa reuniu milhares de pessoas na procissão que saiu da Basílica Santuário Arquidiocesano Nossa Senhora da Conceição da Praia em direção à Basílica Santuário Senhor Bom Jesus do Bonfim. O evento teve como tema “Encharque o Coração de Esperança”, em alusão ao Ano Jubilar de Esperança instituído pelo Papa Francisco.

Desde as primeiras horas da manhã, milhares de fiéis se reuniram para participar do ato inter-religioso que antecedeu o cortejo pelas ruas da Cidade Baixa. Ao longo dos oito quilômetros do percurso, baianos e turistas fizeram questão de demonstrar sua fé.

Foto: Lucas Moura/ Secom PMS

Durante o evento, a população renovou seus votos de fé. Além do fervor religioso, a Lavagem do Bonfim representou um momento de união, solidariedade e celebração da cultura baiana. A procissão, marcada pela fusão de fé e festa, reafirmou a convivência harmoniosa entre diversas manifestações religiosas, unindo católicos, praticantes de religiões de matriz africana e simpatizantes de diferentes crenças. Esse aspecto sincrético refletiu mais uma vez a essência da diversidade cultural de Salvador e do Brasil.

Os fiéis destacaram que a celebração religiosa foi um momento especial de renovação para todo o povo baiano e que também serviu para recarregar as energias para o ano que se inicia. Ressaltaram, ainda, que a festa do Senhor do Bonfim se tornou uma tradição devido à devoção cristã fortalecida pelas graças alcançadas. Mais do que uma festividade, a Lavagem do Bonfim consolidou-se como um símbolo da resistência da fé, da esperança coletiva e do compromisso com o fortalecimento dos laços comunitários.

História

Theodózio Rodrigues de Faria, capitão de mar e guerra da Marinha Portuguesa e fervoroso devoto do Senhor do Bonfim, fez uma promessa durante uma tempestade: se sobrevivesse, traria para o Brasil as imagens do Senhor Jesus do Bonfim e de Nossa Senhora da Guia. Cumprindo sua promessa, em 18 de abril de 1745, trouxe de sua terra natal, Setúbal, em Portugal, uma réplica da imagem do Senhor do Bonfim. Esse gesto marcou o início da construção da Igreja do Senhor do Bonfim, símbolo de fé e devoção.

Não foi apenas a igreja que começou a ser erguida. Naquele momento, teve início também o culto ao Senhor do Bonfim e a Nossa Senhora da Guia, consolidado com a criação da “Devoção do Senhor Bom Jesus do Bonfim”. Essa Irmandade de leigos foi oficialmente reconhecida pelo então arcebispo Dom José Botelho de Matos, presente em sua fundação. A construção da capela teve início em 1746 e, em 24 de junho de 1754, com as obras internas concluídas, a sagrada imagem foi solenemente conduzida da Capela da Penha para a Colina do Bonfim em procissão, marcando um momento histórico de fé e celebração.

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