Estudante moçambicano enfrenta dificuldades após assalto; ele busca emprego para se manter no país e ajudar a família

Estéfano Abilio Fernando
Estéfano Abilio Fernando | Foto: Arquivo Pessoal

Chegar a um novo país é um desafio por si só, mas para Estéfano Abilio Fernando, de 28 anos, a experiência tem sido uma verdadeira prova de resistência. Natural de Moçambique, ele desembarcou no Brasil em 30 de setembro de 2022, através de um vestibular promovido pelo programa de intercâmbio da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira (Unilab), localizada em São Francisco do Conde.

Um assalto sofrido em dezembro de 2024 quando saia para fazer compras na cidade foi um duro golpe para o jovem, que perdeu documentos importantes e objetos pessoais. O trauma do ocorrido também deixou ele ainda mais vulnerável e com dificuldades para se adaptar à nova realidade.

“Durante o ocorrido, perdi celulares, roupas, relógio, dinheiro, fones de ouvido e, o mais grave, toda a minha documentação estrangeira e nacional. O impacto desse evento foi tão significativo que passei o período do Natal e do Ano Novo dentro de casa, sem ânimo para sair”.

Estéfano Abilio Fernando
Foto: Arquivo Pessoal

Morando em São Francisco do Conde, ele não conseguiu tantas oportunidades de emprego, por isso veio para Feira de Santana no período de férias para tentar ganhar alguma forma de renda. Estéfano chegou a vender água nas ruas da cidade e carregou peso no Centro de Abastecimento para sobreviver. Por conta das dificuldades, ele não conseguiu pagar o aluguel e ficou em situação de rua por algum tempo. Agora, ele precisa voltar para o recôncavo para concluir o curso, inclusive, correndo o risco de perder seu visto.

De Moçambique para o Brasil

Ao chegar ao Brasil, o jovem se deparou com uma realidade diferente da esperada, marcada por desafios financeiros e culturais. A responsabilidade de sustentar sua família em Moçambique, composta por esposa, quatro filhos e outros dependentes, tem complicado ainda mais a sua jornada.

“Diferentemente de muitos estudantes estrangeiros que enfrentam desafios relacionados à moradia, minha principal dificuldade desde o início foi a responsabilidade de prover financeiramente para minha família em Moçambique. Tenho quatro filhos, esposa, avó e irmãos menores que dependem exclusivamente de mim para sobreviver”.

Estéfano Abilio Fernando
Foto: Arquivo Pessoal

Sem emprego e sem outra fonte de renda além da agricultura, seus familiares enfrentam dificuldades agravadas pelas mudanças climáticas que comprometem a produção de alimentos. A pressão para garantir o sustento dos parentes à distância tem sido uma pressão constante desde sua chegada ao Brasil.

Segundo o jovem, como imigrante e estudante, ele tem enfrentado dificuldades em conseguir emprego digno. Sem segurança financeira e com a necessidade de enviar dinheiro para sua família, ele se submete a trabalhos informais e temporários, sem qualquer garantia.

“Infelizmente, muitos empregadores se aproveitam da minha vulnerabilidade por ser estrangeiro, oferecendo-me condições de trabalho injustas, salários abaixo do mínimo e, em alguns casos, até mesmo recusando-se a pagar pelo serviço prestado”.

Embora a Unilab ofereça suporte, às assistências estudantis não são suficientes para cobrir todas as despesas, e a burocracia para obter auxílio financeiro ou trabalho formal dificulta ainda mais sua situação.

Estéfano Abilio Fernando
Foto: Arquivo Pessoal

O jovem não consegue voltar para casa, em Moçambique, porque não tem como ajudar por lá, mas também tem passado dificuldades aqui e não tem conseguido enviar o dinheiro para a família. O sonho dele é trazer todos para morar no Brasil.

“O impacto dessa crise alimentar tem sido devastador, e a falta de alternativas faz com que muitas pessoas passem dias sem se alimentar adequadamente. O cenário de fome e insegurança alimentar é tão grave que há momentos em que pessoas desmaiam e até perdem a vida por falta de comida na província de Sofala, distrito de Caia, onde minha família reside. […] Meu maior sonho é conseguir trazer minha família para morar comigo no Brasil, onde, apesar dos desafios, ainda há mais possibilidades de garantir um futuro melhor para eles”, contou em entrevista ao Acorda Cidade.

Estéfano tem formação em Informática, Inglês e está cursando o Bacharelado Interdisciplinar em Humanidades e Relações Internacionais na Unilab. Finalizando o curso, ele resta apenas a defesa do Trabalho de Conclusão de Curso que deve ser concluído em junho, mas para isso, ele também precisa de ajuda para conseguir retornar para São Francisco do Conde.

Quem puder ajudar doando qualquer valor, pode enviar através da chave PIX 71 991916953 (Estéfano Abílio Fernando).

Estéfano Abilio Fernando
Foto: Arquivo Pessoal

“Atualmente, estou à procura de um trabalho que me permita manter minha permanência no Brasil e continuar ajudando minha família. O apoio de que mais necessito neste momento está relacionado à obtenção de um emprego digno e regularizado. Qualquer indicação ou oportunidade de trabalho pode fazer a diferença em minha trajetória. Além disso, qualquer forma de auxílio financeiro para minha estadia e para minha família seria de grande importância, pois a carga de responsabilidades que carrego desde muito jovem tem sido um fardo difícil de suportar.”

Após três anos sem contato direto com os familiares, ele pretende retornar ainda este ano, no final de dezembro, para rever a família. Para isso, ele também está aceitando doações de de qualquer valor. Seu maior desejo é romper o ciclo de pobreza que afeta sua família e utilizar sua educação como ferramenta para transformação social.

“Apesar de todas as dificuldades, sigo firme na busca por uma vida mais digna e pela concretização do sonho de proporcionar melhores condições para aqueles que dependem de mim”.

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