O policial rodoviário federal Raphael Angelo Alves da Nóbrega, investigado pela Polícia Federal (PF) por envolvimento com o tráfico de drogas, recebeu um Jeep Compass como forma de pagamento por seus serviços à facção criminosa Comando Vermelho (CV). Segundo as investigações, ele e o colega Diego Dias Duarte transportavam grandes quantidades de cocaína, cobrando até R$ 2 mil por quilo.
O esquema veio à tona durante a Operação Puritas, deflagrada em 7 de novembro. Diálogos interceptados pela PF mostram que os policiais negociavam valores diretamente com traficantes e, em algumas ocasiões, transportavam mais de meia tonelada de entorpecentes, o que poderia render até R$ 1 milhão por operação.
“Abrir portas” para negócios futuros
Mensagens trocadas entre Raphael Angelo e Diego Duarte em dezembro de 2021 revelam que a relação com os traficantes ia além de pagamentos pontuais. Em uma conversa no WhatsApp, Raphael afirmou que o transporte “abriria portas” para novas oportunidades no esquema criminoso.
O diálogo ocorreu quando os policiais discutiam o transporte de 70 quilos de cocaína, pelo qual receberiam R$ 35 mil. Eles consideraram o valor baixo e sugeriram uma taxa de R$ 1,5 mil por quilo, totalizando R$ 105 mil. Mesmo assim, foram pressionados pelo traficante Heliomar a realizar o serviço imediatamente, alegando que isso fortaleceria a parceria.
Uso de carros alugados e esquema sofisticado
Para despistar investigações e evitar o rastreamento, os policiais alugavam veículos com frequência. Entre 2021 e 2023, Raphael Angelo alugou sete carros, enquanto Diego Duarte registrou 16 locações. Segundo a PF, eles utilizavam o conhecimento interno do sistema de inteligência da PRF para evitar que os veículos fossem fiscalizados.
Além disso, os agentes realizavam consultas em sistemas da corporação para identificar blitzes e operações policiais, garantindo que as rotas utilizadas para o transporte de drogas estivessem livres.
Prisões e apreensões
Raphael foi preso em flagrante em julho de 2023, após capotar uma caminhonete carregada com 542 quilos de cocaína em Canarana, Mato Grosso. Na ocasião, tentou fugir em um táxi, mas foi detido. Já Diego Duarte foi preso em Feira de Santana, onde a PF encontrou em sua casa um cofre com R$ 580 mil e US$ 8,1 mil em espécie.
Os policiais e outros envolvidos no esquema poderão responder por tráfico interestadual de drogas, associação criminosa e lavagem de dinheiro. As investigações apontam que a organização criminosa cresceu rapidamente devido à colaboração de agentes públicos.
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