Dia do Papiloscopista: conheça a profissão que é responsável por identificar suspeitos de um crime

Dia do Papiloscopista
Foto: Secretaria de Estado Justiça e Segurança Pública

Nesta quarta-feira (5) é comemorado o dia do papiloscopista, profissional que trabalha com a identificação de pessoas através das impressões digitais. A função, que determina autores, vítimas e testemunhas em uma cena de crime, é responsável por identificar 99% dos corpos resultantes de mortes violentas.

O termo, apesar de não ser muito utilizado no vocabulário cotidiano, é de fácil compreensão. Segundo o dicionário, “papilla” é uma palavra de origem latina que significa relevo da pele e “copista” tem influência da palavra grega skópos que significa examinar.

A identificação feita pelo papiloscopista inibe a necessidade de realizar exames mais complexos como de DNA ou arcada dentária. A disponibilidade de um banco de dados com cerca de 14 milhões de RG’s, um tipo de documento de identificação que possui foto e impressão digital do dedo polegar, torna o processo mais rápido e barato.

Mateus Bereh, presidente do Sindicato dos Peritos Técnicos da Bahia (Sindpep)
Foto: Arquivo Pessoal

“A coleta das digitais pode ser feita de algumas formas: usando luz forense, pó especial, luz especial e câmeras de qualidade avançada. É analisado o contexto do local do crime sempre em parceria com o perito criminal. Já a análise papiloscópica do vestígio coletado é feita em um laboratório”, disse Mateus Bereh, presidente do Sindicato dos Peritos Técnicos da Bahia (Sindpep).

Bereh explicou que a categoria conta com suporte de laboratórios na capital do estado e em diversos municípios do interior da Bahia nas chamadas Coordenadoria Regional de Polícia Técnica (CRPT) onde são feitas as revelações e atividades de melhoramento dos fragmentos coletados.

“Nos laboratórios utilizamos técnicas como cianoacrilato, uma espécie de super cola, e revelações como ninidrina, um composto químico que ao entrar em contato com aminoácidos produz uma cor azul escura ou roxa. Toda a análise é feita no nosso sistema que foi adquirido por R$ 9 milhões. Nele são feitas as comparações e a busca no arquivo civil e criminal”, disse Matheus.

Em entrevista ao Acorda Cidade, Lays Macedo, perita técnica de Polícia Civil, detalhou que a coleta das digitais é um trabalho que exige muita atenção e deve ser sempre realizado de maneira minuciosa para garantir a confiabilidade da informação encontrada.

“Em regra, uma identificação só é confirmada quando são encontrados, pelo menos, doze pontos caracterizadores entre as peças comparadas. Óbvio, como todo trabalho humano, pode haver falhas na execução das análises, mas não existe falha na metodologia científica papiloscópica”, disse Lays.

A profissional declarou que um dos grandes desafios do papiloscopista é lidar constantemente com a sensação de desvalorização da categoria. Para Lays, mesmo desenvolvendo uma função tão importante para as investigações de crimes, os servidores não recebem a atenção que merecem.

“A desvalorização é visível a partir da quantidade de atribuições acumuladas pelos peritos e peritas técnicos, responsáveis pelas atividades de papiloscopia na Bahia. Baixo efetivo, poucos recursos e estruturas precarizados, além do pouco investimento em capacitação e aprimoramento dos servidores”, disse

Lays pontuou que o Sindpep, sindicato que representa a categoria, tem constantemente organizado ações para compartilhar conteúdos e promover qualificações com a classe na Bahia. Mateus Bereh reconhece que avanços significativos já foram realizados pela Secretaria de Segurança Pública do Estado nos últimos anos, mas ainda há muito que evoluir.

“Mas nós acreditamos que esse reconhecimento deve ser feito de uma forma mais prática, de forma que esse reconhecimento saia do bastidor e venha para o holofote da Segurança Pública. Nós entendemos que por termos hoje um dos maiores efetivos de peritos em papiloscopia do Brasil nós deveríamos ser mais valorizados dentro do sistema total da Segurança Pública”, disse Mateus.

Para o presidente do Sindpep, uma das primeiras atitudes que devem ser tomadas no processo de valorização da categoria é a mudança da nomenclatura adotada e a retirada de algumas atribuições auxiliares que, segundo ele, não estão de acordo com os princípios mais modernos de segurança.

“Na Bahia e só na Bahia, mais de 80% das nossas atribuições são voltadas à papiloscopia e identificação humana. E nosso pleito é que, tal qual as melhores polícias do Brasil, nossa nomenclatura seja a função que nós mais exercemos. Então, nosso pleito principal é que nossa nomenclatura seja alterada para perito papiloscopista”, concluiu Mateus.

Com informações da jornalista Iasmim Santos do Acorda Cidade

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