Coretos: símbolos de um passado romântico e alegre

Praça da Matriz em Feira de Santana
Praça da Matriz em Feira de Santana | Foto: ACM

Do início até meados do século passado, eles tiveram vida plena no cenário social da cidade princesa, sediando programações festivas, religiosas, políticas e, com todo brilhantismo, as retretas realizadas por filarmônicas locais e visitantes. Como os “Três Mosqueteiros” do romance de Alexandre Dumas, eles continuam firmes nas praças: Bernardino Bahia, Renato Andrade Galvão e Agostinho Froes da Mota. Eles são os seculares coretos de Feira de Santana.

Eles continuam na solitude, como a observar o inexorável passar do tempo que os deixa quase invisíveis aos olhos do povo, hoje muito mais atraído por um trio elétrico, um paredão ou qualquer coisa que faça barulho, que cause frémito, agitação. Além do mais, longe um dos outros, sequer podem ser solidários nesse cenário de indiferença popular. Mas nem sempre foi assim! No início do século passado, eles eram queridos, neles havia eventos, músicos, políticos, alegria e, em seu derredor, centenas de pessoas!

Os coretos são três em Feira de Santana, bem localizados e ainda em perfeito estado de conservação estrutural, mas taciturnos, sombrios, diante da sua atual insignificância a que foram relegados. Não que eles não tenham mais valor, e sim pela falta de oportunidade de poder demonstrar quão ainda são valiosos. Bem no centro comercial da princesa, na Praça Bernardino Bahia, o coreto está ali desde 1915, quando foi construído e inaugurado pelo coronel Bernardino da Silva Bahia, que foi Intendente do município em duas ocasiões (1912/1915 e 1920/1923).

Praça Eduardo Fróes da Mota em Feira de Santana
Praça Eduardo Fróes da Mota em Feira de Santana | Foto: Izinaldo Barreto

Pela sua localização, foi palco de muitas tocatas na época em que as filarmônicas propiciavam com as retretas, executando dobrados, polcas, valsas e hinos, momentos de felicidade para o povo. Também servia para empolgados discursos de autoridades e políticos. Ultimamente, é praticamente decorativo em meio às frutas, verduras e outros itens da proveitosa feira-livre centrada na Praça Bernardino Bahia e adjacências.

Na Praça Padre Renato de Andrade Galvão, nome dado em homenagem ao sacerdote natural de Brejões, que foi um dedicado e zeloso pároco da Catedral de Senhora Santana durante longo tempo (1965/1995), está o segundo coreto construído em Feira de Santana no ano de 1916, um ano após o primeiro. Foi edificado pela Comissão da Festa de Santana com apoio do coronel Agostinho Froes da Mota, Intendente nomeado do município (1915/1920). Esse coreto teve intensa movimentação durante muito tempo, quando da realização anual da Festa de Senhora Santana, o que ainda se observa nos tempos atuais.

Construído em 1919 pelo coronel Agostinho Froes da Mota, então Intendente do município de Feira de Santana, o terceiro e último coreto está na Praça Agostinho Froes da Mota, um pouco menos centralizado, mas ainda na área comercial, um tanto adiante da Igreja dos Remédios. Talvez para essas edificações, denominadas coretos porque originalmente serviam para abrigar pequenos corais (conjuntos ou grupos de cantores ou vocalistas que se apresentavam ao ar livre), não tenham muito sentido para as gerações atuais, mas foram muito importantes no início e até meados do século passado e, por conta disso, são e devem ser preservados.

Olha-los simplesmente como algo velho, fora do ‘contexto atual’, como se diz no momento, é esquecer uma significativa etapa da história de Feira de Santana, vivida com muita alegria e felicidade por boa parte dos construtores da metrópole princesa do sertão, cuja vida social já perdeu outros símbolos marcantes, como o Feira Tênis Clube e o Clube de Campo Cajueiro. Inspirados, quem sabe, nos “Três Mosqueteiros” de Alexandre Dumas, eles continuam firmes, enfrentando o tempo!

Por: Zadir Marques Porto

Com informações da Secretaria Municipal de Comunicação Social de Feira de Santana

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