Conselheiro destaca o papel dos pais na educação dos filhos após morte de duas adolescentes em Feira de Santana

Adolescentes Assassinadas
Foto: Arquivo Pessoal

O município de Feira de Santana registrou, em menos de 24 horas, dois homicídios envolvendo adolescentes do sexo feminino. O primeiro crime foi na madrugada do último domingo (23), quando Ana Vitória, de apenas 12 anos, foi assassinada a tiros dentro de uma residência, no Loteamento Tangará, bairro Gabriela.

O segundo caso aconteceu na noite de segunda-feira (24). Thifany dos Santos Cirqueira, 13 anos, também foi morta com vários tiros, na Rua Antônio Carvalho, no bairro Campo Limpo.

Os crimes não possuem ligações, embora tenham envolvimento com organizações criminosas.

De acordo com o delegado Gustavo Coutinho, titular da Delegacia de Homicídios, o alvo principal dos criminosos seria Cauã, namorado da vítima, por ter envolvimento em um assassinato no ano de 2024, mas Ana Vitória, que dormia ao lado dele, também foi atingida e não resistiu aos ferimentos.

Já o segundo crime, as investigações preliminares da Polícia Civil, apontam que a vítima, Thifany, “levantava a bandeira” de uma facção criminosa no Instagram e WhatsApp e recebia ameaças de outra facção.

A reportagem do Acorda Cidade conversou com Antônio Correia, coordenador do Conselho Tutelar II de Feira de Santana. Segundo ele, para que haja um equilíbrio na educação dos filhos, cerca de 90% deve ser de responsabilidade dos pais.

Conselheiro Tutelar
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Nós acreditamos que de 100% do equilíbrio da educação dos filhos, 90% cabe a responsabilidade dos pais no processo educativo dos filhos. Eu quero lhe dizer que 5% cabe a responsabilidade do estado e 5% cabe a responsabilidade dele querer mudar. A gente atende demandas aqui de uma família de 10 filhos, 9 pegam o caminho do bem, e um é tido como a ovelha negra, porque não quer obedecer os pais, não quer obedecer ninguém e termina entrando no mundo das drogas e se tornando estatística para a sociedade em forma de homicídio”, disse.

De acordo com o conselheiro, mudanças de comportamento são identificadas em ambiente escolar, o que pode estar acontecendo dentro de casa.

“O que a gente vê na realidade, é que o que a criança e o adolescente, na condição de alunos que propagam a violência num espaço escolar, está trazendo a cultura da violência de dentro de casa para o espaço escolar. É importante a gente perceber e sentir a necessidade de todos nós investirmos no sentido de trazer a ele a melhor educação possível. Porque se a gente não fazer dos nossos filhos um cidadão de bem, a gente termina perdendo ele para o mundo. E aí o mundo oferece coisas que são desagradáveis para o bem-estar da criança e do adolescente”, explicou.

Ao Acorda Cidade, o coordenador do Conselho Tutelar II, explicou que cerca de 99% dos casos envolvendo adolescentes com comportamento inadequado, se tornam estatísticas.

“Quando a gente vê um adolescente, principalmente do sexo masculino, ser vitimado por homicídio, claramente a gente observa que existe algum problema por trás de tudo isso e que a equipe da Polícia Civil vai investigar e termina percebendo que o adolescente pode estar envolvido em alguma situação de ordem criminosa, tipo envolvido com facções e etc. Para que tenhamos uma ideia, de 100% dos casos de adolescentes de comportamento inadequado que a gente atende dentro dos conselhos tutelares, 99% desses adolescentes se tornam estatística, porque não houve o conselho, não houve orientação nem dos pais, nem de profissionais. Possivelmente a conduta continua sendo permissiva, continua sendo de forma desordenada e ele termina entrando em conflito com a própria lei”, apontou.

Na manhã desta terça-feira (25), foi realizada uma reunião com pais e responsáveis no Colégio Estadual de Tempo Integral Assis Chateaubriand, no bairro Sobradinho.

Palestra do Conselho Tutelar
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

De acordo com o coordenador, a ação tem como objetivo levar o conhecimento do Estatuto da Criança e do Adolescente, assim como a importância da família no processo educativo.

Palestra do Conselho Tutelar
Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“O objetivo da gente iniciar esse ciclo de palestras em todas as escolas da rede municipal, estadual e também da rede privada, é no intuito de levar o conhecimento acerca do Estatuto da Criança e do Adolescente, a respeito das atribuições do Conselho Tutelar e também trazer para o espaço escolar, a importância da família no processo educativo dos seus filhos junto à escola. A gente tenta abordar a questão dos maus tratos, das negligências, dos abusos sexuais como estupro de vulnerável, a questão do comportamento inadequado de crianças e adolescentes no espaço escolar, bem como outros temas que estão voltados na questão das garantias dos direitos das crianças e adolescentes, como também a questão de cárcere privado, abandono intelectual, abandono de incapaz, entre outros”, concluiu.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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