Câncer de pele: o impacto emocional e a importância da rede de apoio no enfrentamento da doença

homem no banheiro
Foto: Freepik

Ser diagnosticado com câncer nunca é uma notícia fácil de receber. Entre todos os tipos de tumores malignos, o câncer de pele figura como um dos mais incidentes no Brasil, com cerca de 185 mil novos casos por ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).

O problema é muito mais comum entre os brasileiros do que as pessoas imaginam. Mas o que acontece quando, além da batalha física, surge o impacto emocional que essa doença pode provocar?

Neste mês que se inicia o verão no país, é também o momento de fortalecer o combate à doença com a campanha Dezembro Laranja. O objetivo é alertar a população sobre os riscos da exposição excessiva ao sol e a importância de se prevenir contra o câncer de pele.

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Foto: Freepik

Em entrevista ao Acorda Cidade, a psicóloga Priscila Lima destacou o quanto o diagnóstico é, para muitos pacientes, uma experiência profundamente conturbada.

Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Normalmente, os pacientes, quando são informados dessa doença, ficam muito mobilizados, porque receber uma notícia de câncer é uma notícia que mobiliza muito o sujeito. Socialmente, culturalmente, é uma doença que está ligada à morte. Então, os pacientes ficam muito conturbados com essa informação, e aí depende muito do preparo da equipe, de quando é que vai passar essa informação para o paciente, com uma forma mais sensível, com mais empatia, para que o paciente possa se sentir seguro e acolhido”.

A jornada emocional vai além do diagnóstico inicial. Muitas vezes, cirurgias e tratamentos impactam diretamente a autoestima, justamente por alterar a aparência do paciente, mas também sua rotina.

“Normalmente, é um aspecto muito individual para cada sujeito, porque é uma doença que mexe muito com a autoestima. Algumas pessoas ficam acometidas porque envolve aspectos psicológicos, emocionais, comportamentais, sociais, como, por exemplo, a evitação de querer estar em locais públicos ou em contato com outras pessoas. Algumas pessoas se importam mais com a aparência e outras, talvez, não se importem tanto”.

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Foto: Ed Santos/Acorda Cidade

A psicóloga destaca ainda que as pessoas com transtornos psiquiátricos, como depressão, estão entre os mais vulneráveis. “ Elas tendem a ver esse aspecto como algo mais negativo e precisam de condições socioemocionais para poder lidar com isso de uma maneira com mais qualidade. Mas são pessoas que tendem a receber esse diagnóstico e ter um pouco mais de dificuldade em aderir ao tratamento. Transtornos de ansiedade também se enquadrariam aí”.

E como a rede de apoio pode ajudar?

Segundo Priscila, a família e amigos são fundamentais para minimizar os impactos psicológicos nos pacientes diagnosticados.

“A gente da psicologia acredita que a rede de apoio para esses pacientes é muito importante. É necessário que ele tenha uma boa rede familiar e de amigos apoiando, não só a família e amigos, mas estar inserido também em outros meios, como espirituais, por exemplo. Existem vários estudos que falam sobre esses aspectos, de que o indivíduo não está englobado só nesse meio da saúde biológica, mas está envolvido emocionalmente, espiritualmente, e que tudo isso vai ajudar a fortalecer sua qualidade de vida e promover melhor a sua saúde”, explicou.

A psicoterapia, segundo Priscila, é nesse momento inicial de susto, um pilar fundamental no enfrentamento emocional da doença.

“Muito importante, porque a medicina, o médico, não vai conseguir dar conta de englobar todos os aspectos desse sujeito. Então, a psicoterapia, principalmente a individual, vai ajudar com que esse sujeito possa visualizar as suas questões individuais, as questões da doença e como é que isso afeta cada um desses sujeitos”, indicou.

Para aqueles que enfrentam o câncer de pele ou qualquer outro tipo de câncer, Priscila deixa uma mensagem de esperança. É importante não se desesperar, mas sim, se fortalecer e lutar para continuar a vida.

“O câncer, por si só, já tem esse diagnóstico que acaba vindo como uma sentença de morte. Então, a ideia é você trabalhar os seus aspectos sociais e se fortalecer, fortalecer a si próprio e os que estão ao seu lado possam lhe ajudar também, para contribuir para a sua melhora”, disse a psicóloga.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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