Após a reportagem publicada no Acorda Cidade sobre Maria do Amparo da Silva, de 39 anos, mãe de quatro filhos e cuidadora de dois netos após a recente perda da filha, o impacto das doações já fez uma grande diferença na vida da família.
No entanto, a situação dela segue precária, e agora a principal necessidade é obter assistência dos órgãos públicos competentes para conquistar uma moradia digna e garantir cuidados de saúde para sua neta com microcefalia.
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Graças à repercussão da história através do Acorda Cidade, Maria recebeu diversas doações em alimentos, móveis e auxílio financeiro, que foram fundamentais para o pagamento de contas pendentes e para melhorar as condições de sua casa, ainda que temporariamente.
A família chegou a receber, no total, R$ 4.200. Com isso, todos os recibos de energia em atraso foram pagos e a situação da família melhorou. Porém, a ameaça de despejo até o final de novembro pelo proprietário do imóvel assusta a família, que busca, através da comunidade e de órgãos públicos, uma solução para a moradia e o acesso aos direitos básicos de saúde das crianças.
Em entrevista ao Acorda Cidade, Alessandra Queiroz, integrante do grupo “Chamados para Servir”, falou sobre o impacto das doações e destacou a necessidade de apoio que a família ainda precisa.
“Nesse momento só me resta a gratidão, em agradecer a todos que se comoveram com a situação de Dona Maria, porque a gente sabe que, se não fosse a força da coletividade, a gente não chegaria a conquistar tantos bens para ela. Maria recebeu muita cesta básica, quantia via Pix, que a gente deu a retribuição em forma de móveis, porque a situação que Maria estava não tinha condições de ficar com os móveis velhos. Então a gente comprou todos os móveis, com exceção do guarda-roupa, da TV e de uma mesa. Mas o dinheiro que foi entrando, a gente comprou todos os móveis e utensílios para a casa de Dona Maria”.
Porém, a maior preocupação é com a saúde e o futuro da neta, que tem microcefalia e sofre com dores de cabeça constantes. A menina não está recebendo o acompanhamento terapêutico necessário e precisa de atendimento psiquiátrico e neurológico.
“Foi através da reportagem que a história de Maria começou a mudar. Claro que a gente sabe que ainda fazem necessárias algumas demandas, que é a questão da saúde básica das crianças dela, do acompanhamento da neta dela, que tem microcefalia e ainda não faz as terapias. Então a gente está correndo, através da união, da força do povo, da autoridade, dos órgãos competentes, para poder estar dando esse apoio à pessoa de Dona Maria”.
Alessandra explica que houve encaminhamento para o Centro de Atenção Psicossocial (Caps) e para o Centro de Referência de Assistência Social (Cras), mas o retorno ao posto de saúde só está marcado para 11 de novembro, uma data que consideram distante para as necessidades urgentes da criança.
“A Dona Lúcia, que é do Corrente do Bem, também se empenhou para poder estar dando essa força para a gente, através do conhecimento que ela tem, conseguiu junto com a diretora do Hospital da Mulher uma consulta, a primeira consulta para a Lulu no dia 12, à tarde, então isso é gratificante. Maria precisa fazer também a ligadura, então pedimos o apoio das pessoas”.
Dificuldades financeiras e a luta pelo auxílio
Ainda em entrevista ao Acorda Cidade, Alessandra também destacou a situação financeira da família, que, mesmo com o Bolsa Família, tem enfrentado dificuldades devido às despesas de água, luz e aluguel. Ela revelou que a conta de luz é alta e que a família não está incluída no benefício do CadÚnico, o que tem gerado um gasto significativo. “É quase impossível manter todas essas despesas apenas com o Bolsa Família,” afirma.
“Precisava de uma atualização [do Bolsa Família] que foi feita no início da semana, para ela poder encaixar mais duas filhas, que a gente estava com o cadastro sem atualizar, e a bebezinha que nasceu. Porém, a questão das netas ela não sabe como vai ficar. Só depois que fizer, passar a guarda das crianças para ela. Assim foi passada essa informação de Dona Maria para a gente”, acrescentou.
A urgência por uma moradia digna
A questão do aluguel é outra urgência. A casa atual de Maria, com apenas três cômodos, não comporta confortavelmente todos os membros da família e os móveis doados. O proprietário também deu até o final do mês de novembro para que a família deixe o local, o que deixa a família desesperada.
Embora Maria tenha ido até a Secretaria de Habitação e tenha sido orientada a aguardar, a espera é uma preocupação, já que, sem a guarda oficial dos netos, a condição dela para obter um imóvel pelo critério de prioridade não foi garantida.
“Resolvemos fazer uma vaquinha virtual para poder estar arrecadando fundo e comprar, porque assim, a gente sabe que o órgão competente, com respeito à Secretaria de Habitação, existe critérios para poder a pessoa receber a casa. Ela foi, encaminhou com esse papel, só que eles mandaram aguardar. Só que assim, a gente sabe da questão da espera. Ela entra com prioridade na questão da criança, que é especial. Ela está correndo atrás dos papéis para poder passar a guarda da criança, para ela entrar na condição de prioridade. Mas requer documentação, requer ida. Ela não pode ficar de braços cruzados, como a gente do projeto tem falado. A competência que cabe a gente, no caso, é ajudar, doando, pedindo socorro. A gente pode fazer, porque o alimento não vai faltar, como não tem faltado. Mas a competência que cabe a esses órgãos públicos — Cras saúde, Secretaria de Habitação — é competência deles. E são eles que têm que fazer essa parte. A gente pode nortear e mediar ela para ela chegar até esse órgão e conseguir a tal prioridade, porque o homem pediu a casa. Ela paga 300 reais de aluguel, fora água e luz”, explicou Alessandra ao Acorda Cidade.
Além do suporte financeiro, a família também busca auxílio para que Maria realize a ligadura de trompas, um procedimento necessário para prevenir futura gravidez, especialmente nas atuais condições de vulnerabilidade. Segundo Alessandra, esse passo foi solicitado há meses, mas está em processo de espera devido ao período de amamentação do bebê.
Ela finalizou agradecendo o apoio das pessoas e reforçou o apelo para que as autoridades públicas ajudem Maria a obter uma moradia digna e o atendimento de saúde necessário.
“Pedimos às autoridades que olhem com um olhar de amor pela vida da Maria. Essa é uma luta pela dignidade e pelo futuro de toda essa família”, conclui Alessandra.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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