Ano Novo, tudo novo: procura por serviços de sapateiros registra queda em Feira de Santana

calçados
Foto: Paulo José / Acorda Cidade

A movimentação no comércio de Feira de Santana, provocada pelas festas de fim de ano, parece não surtir muito efeito no faturamento dos sapateiros. Com a chegada do Natal e do Ano Novo, muita gente mantém viva a cultura de investir o que sobrou do 13º em uma peça nova.

Quem conhece muito bem esse efeito de valorização do novo na reta final do ano é o sapateiro Paulo Beirão, que trabalha na Praça do Senadinho há mais de 40 anos.

Ele contou que é natural a queda do faturamento e que a procura por reparos só volta a aquecer entre fevereiro e março. Período em que, segundo o sapateiro, alguns calçados começam a apresentar defeitos.

homem idoso
Paulo Beirão | Foto: Paulo José / Acorda Cidade

“Praticamente não fizemos nada. Porque o Natal só é bom para o comércio que vende muito. O pessoal tem cartão, chega lá, estoura o cartão e vai embora. Agora, São João é tempo da gente viver. Aqui, São João é melhor do que o Natal”, disse.

Rogério Sapateiro também concorda com o colega de profissão. Ele contou em entrevista ao Acorda Cidade que vê com muita naturalidade a queda na procura pelos serviços e a diminuição do movimento na Praça do Senadinho.

homem
Rogério Sapateiro | Foto: Paulo José / Acorda Cidade

“O Natal já é esperado para ser fraco. No Natal, o pessoal compra mais calçado novo. Quando vai chegando nos meados de março em diante, aí a gente começa a badalar. O novo começa a estourar e a gente começa a trabalhar com tudo”, disse Rogério.

O ofício dos sapateiros artesanais é essencial para quem quer consertar um chinelo que tem um apego especial ou até mesmo dar uma cara nova a um sapato antigo, gastando pouco. Beirão confessou que apesar das dificuldades, a profissão consegue se manter viva por conta de alguns produtos de baixa qualidade.

barraca de sapateiros
Foto: Paulo José / Acorda Cidade

“As fábricas não fabricam as coisas de utilidade. Após a compra, quando vai chegando um, dois, três meses de uso, o sapato já está defasado. Então, os clientes vêm para botar solado. É péssima a qualidade, alguns não vêm costurados. Aí a gente continua a fazer esse serviço, porque é obrigação nossa, nós estamos aqui para trabalhar e atender o freguês”, disse Beirão.

mochilas
Foto: Paulo José / Acorda Cidade

Ao todo, na Praça do Senadinho trabalham cerca de 25 sapateiros. Paulo Beirão, que atualmente tem 75 anos, contou que utiliza o que ganha com o ofício de sapateiro para complementar a aposentadoria. Ele contou ao Acorda Cidade que espera que o novo prefeito de Feira de Santana, que assumirá em janeiro de 2025, revitalize a Praça do Senadinho para atrair mais clientes para o local.

Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade

Reportagem escrita pelo estagiário de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão do jornalista Gabriel Gonçalves

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