Festival Paralímpico quebra recorde e reúne mais de 25 mil crianças em todo o país

O Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) realizou neste sábado (21/9), a sétima edição do Festival Paralímpico Loterias Caixa, com quebra de recorde de público. Foram 25.661 inscritos que participaram simultaneamente em 120 núcleos das 27 unidades federativas do Brasil durante o período da manhã. Até então, o maior número de inscritos era de 21.376, no ano passado.

O Festival, que acontece no mesmo mês em que o Brasil obteve sua melhor campanha em uma edição dos Jogos Paralímpicos, é um evento que apresenta o paradesporto para crianças com e sem deficiência de todo o Brasil e celebra duas datas comemorativas de setembro: o Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência (21) e o Dia do Atelta Paralímpico (22). Ainda será realizada a oitava edição do evento – a segunda de 2024 – no dia 7 de dezembro, em celebração ao Dia Internacional da Pessoa com Deficiência, comemorado no dia 3 do mesmo mês.

Entre os inscritos para o Festival neste sábado, 19.350 têm deficiência. O evento reserva parte das inscrições para crianças sem deficiência, com o objetivo de promover interações entre participantes dos dois grupos e quebrar preconceitos em relação às capacidades de quem tem alguma limitação física, intelectual ou sensorial.

“Estamos muito felizes com a realização de mais uma edição do Festival Paralímpico. Esta foi ainda mais especial, com o recorde absoluto no número de crianças. O esporte paralímpico cresce nas diversas frentes. Em Paris, obtivemos nossa melhor posição na história dos Jogos Paralímpicos e, ao mesmo tempo, conseguimos avançar também no nosso projeto de desenvolvimento esportivo e formação. Isso nos dá a certeza de um crescimento sustentável, que mostra que o futuro será ainda mais promissor. Eu, particularmente, lembro do Plano Estratégico elaborado em 2017, quando observamos nossos indicadores e criamos todas as metas com as quais trabalhamos hoje. Acredito que os caminhos delineados ali nos levaram a um bom lugar e deixam aberta a possibilidade de seguir avançando”, afirmou Mizael Conrado, eleito melhor jogador do mundo de futebol de cegos em 1998, bicampeão paralímpico (Atenas 2004 e Pequim 2008) e presidente do CPB.

Um dos destaques do Festival Paralímpico foi a participação de atletas de alto rendimento que dividiram suas experiências com as crianças participantes. O Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, recebeu a nadadora pernambucana Carol Santiago, maior campeã paralímpica feminina da história do Brasil, dona de cinco medalhas conquistadas em Paris 2024 (três ouros e duas pratas). A atleta falou, durante a live promovida pelo CPB durante o Festival, sobre a importância de perseguir seus objetivos.

“Estou muito feliz de estar aqui, comemorar na casa que eu treino e me encontrar com todos. Foram muitos dias de entrega, coisas que deixei de fazer, porque tinha um objetivo na frente para o Brasil. Hoje ter esse resultado, chegar aqui com todas as medalhas e comemorar com vocês é uma alegria indescritível. Espero que cada um tenha um sonho, no esporte e fora do esporte, e saiba que é preciso se dedicar 100% para alcançá-lo”, afirmou.

A paulista Giovanna Boscolo, medalhista de bronze no lançamento de club da classe F32 (lesões encefálicas) participou do Festival pela primeira vez neste sábado, também no CT Paralímpico, e disse ter ficado impressionada com a quantidade de crianças. “Este é um evento muito importante e eu fico feliz de trazer incentivo e inspiração. É muito bom poder chamar essa criançada para o esporte”, disse.

Evani Calado, atleta da bocha, disse que um encontro como o Festival, caso existisse quando ela era mais jovem, poderia ter antecipado a entrada dela no Movimento Paralímpico. “É muito bom interagir com as crianças e ver a troca entre aquelas com e sem deficiência. Todos juntos e misturados é muito divertido e fundamental para promover a inclusão em toda a sociedade. Se houvesse um evento assim quando eu era criança, eu teria chegado ao Movimento Paralímpico muito mais cedo”, avaliou a atleta, que representou a Seleção Brasileira em Paris e chegou a quarta colocação na classe BC3 (deficiências severas e que contam com auxílio de calheiro). Ela iniciou no esporte aos 20 anos, que também esteve no CT Paralímpico.

Em Presidente Prudente (SP), os participantes puderam conhecer a acreana Jerusa Geber, medalhista de ouro nos 100m e nos 200m da classe T11 (deficiência visual) em Paris. “Foi muito bom. Tirei muitas fotos com as crianças, com os adultos. Muitas disseram que eu sou uma inspiração, que vão querer ser como eu. Foi algo muito importante”, contou.

“O Festival já é reconhecido. Os números provam este sucesso e mostram que o CPB está no caminho certo. Este avanço do Festival Paralímpico se dá em função do trabalho que é feito com nossos parceiros em todos os estados e também pelo investimento que temos feito desde 2018 nas crianças visando a renovação de nossos atletas que representarão o país nos Mundiais e nos Jogos Paralímpicos”, completou Ramon Pereira, diretor de Desenvolvimento Esportivo do CPB.

Já em Itu (SP), a bicampeã paralímpica do halterofilismo Mariana D’Andrea foi um dos destaques da manhã. A atleta, que tem baixa estatura, dividiu sua história com as crianças e tirou foto com participantes do Festival. “Foi maravilhoso dividir minha experiência, um momento único. Recebi muito carinho, muitos abraços, que fazem toda a diferença na minha vida. Espero poder inspirar o futuro dessas crianças”, disse a atleta.

Na Região Norte, o Festival Paralímpico recebeu a medalhista de Paris Wanna Brito, prata no arremesso de peso para a classe F32 (paralisia cerebral). “O Festival foi maravilhoso. As crianças aprenderam muito sobre o esporte paralímpico. É muito especial este momento em que elas conhecem o esporte paralímpico e nosso ambiente de trabalho. Elas foram muito acolhedoras, atenciosas. Espero que, a partir disso, surjam mais atletas e que o Movimento Paralímpico cresça ainda mais”, afirmou.

Cada um dos núcleos do Festival ofereceu três modalidades esportivas para as crianças. No Centro de Treinamento Paralímpico, em São Paulo, os participantes puderam experimentar o atletismo, o badminton e o tênis de mesa.

A variedade de atividades país afora é uma das marcas do Festival. Uma das novidades para este ano foi o oferecimento do ciclismo, na cidade de Santo Ângelo (RS). Neste núcleo, os participantes puderam experimentar a handbike, veículo impulsionado com as mãos.

Já em Manaus, as crianças experimentaram badminton, vôlei sentado e jiu-jitsu adaptado, sendo que este último não faz parte do programa dos Jogos Paralímpicos, mas foi utilizado para despertar o ínteresse pela atividade física nas crianças.

Em João Pessoa, onde a Seleção Brasileira de futebol de cegos fez sua preparação para os Jogos Paralímpicos de Paris, os participantes puderam experimentar a modalidade, além do atletismo e do taekwondo. “O Festival foi um grande sucesso, tanto em quantidade como também na dinâmica. Foi a edição em que recebemos mais gente e tivemos uma boa com os atletas, como o jogador Maicon Junior, da Seleção”, afirmou Fábio Vasconcelos, treinador da Seleção Brasileira de futebol de cegos e coordenador do Centro de Referência do CPB em João Pessoa.

O Festival Paralímpico foi realizado pela primeira vez em 2018 e cresceu ano a ano. Em sua primeira edição, foram 48 locais e mais de 7 mil crianças. Em 2019, o evento teve 70 sedes e recebeu mais de 10 mil inscritos. No ano seguinte, a ação foi cancelada devido à pandemia de Covid-19 e retornou em 2021, com 8 mil participantes em 70 núcleos. Em 2022, foram atendidas 15 mil crianças.

Em 2023 o Festival seguiu avançando e contou com duas edições pela primeira vez (em maio e setembro) reunindo 21 mil crianças e jovens em cada uma delas, somando um total de 42 mil inscrições acumuladas.

Nos Jogos Paralímpicos de Paris 2024, encerrados em 8 de setembro, o Brasil alcançou pela primeira vez a quinta colocação no quadro de medalhas, com 89 pódios: 25 ouros, 26 pratas e 38 bronzes. Sob qualquer perspectiva, esta é a melhor campanha do Brasil até aqui: maior número de ouros e de medalhas, superando em 17 pódios os 72 obtidos em Tóquio 2020 e no Rio 2016, além dos 22 títulos conquistados na capital japonesa;

Back To Top