Ano de esperança: Dia de São José marca tradição e boas expectativas para a colheita de 2025

Dia de São José_ Foto Maylla Nunes Acorda Cidade
Foto: Maylla Nunes/Acorda Cidade

O Dia de São José, celebrado hoje, 19 de março, é uma data de grande significado para os agricultores, especialmente no semiárido da Princesa do Sertão. A crença popular diz que, se chover nesse dia, o ano será de boa colheita. A chuva renova a esperança dos trabalhadores rurais em uma produção farta e em melhores condições para a agricultura familiar no ano.

Ao Acorda Cidade, Conceição Borges, presidente do Movimento de Organização Comunitária (MOC) de Feira de Santana, falou sobre a importância da data e da tradição de plantar nesse período. Para os católicos, este é um momento de fé, de esperança e muita celebração.

Conceição Borges
Conceição Borges | Foto: Ney Silva/Acorda Cidade

“Nosso povo mais sábio dizia que é o dia em que abençoamos a terra com a semente e é um dia que se faz com muita fé, com muito carinho, porque o que se planta no dia 19 de março é o que garante a produção, renda das famílias logo alí no mês de junho”, afirmou Conceição Borges.

Segundo a presidente, a tradição é de plantar o milho, o amendoim, culturas que vigoram no período junino, mas ultimamente quem tem outros tipos de sementes planta também.

“Durante o período de Quaresma, faz todo aquele momento de viver a via sacra, as celebrações para viver esse momento quaresmal. Com isso, o 19 de março se intensifica”.

Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

A crença popular de que a chuva nessa data é sinal de boa colheita tem sido testada pelas mudanças climáticas que tem atingido todo o mundo, inclusive, Feira de Santana, que desde de 2024 enfrenta uma bruta estiagem. “Hoje não se tem mais essa certeza, mas há alguns anos era certo que plantar no dia 19 de março garantia a colheita. Com a situação climática, isso está muito adverso, porque nós tínhamos anos que dia 19, que a gente plantava mesmo com poucas chuvas, garantia a produção”.

De acordo com Conceição, atualmente, nem sempre o dia 19 tem chovido, o que prejudica o ciclo de plantio. Os agricultores têm a fé, mas a mão humana tem interferido e impactado diretamente na produção de alimentos. “O milho, por exemplo, nasceu, mas não conseguiu produzir porque não houve a sequência da chuva”.

Apesar dos desafios, Conceição destcou que o ano começou promissor. “Esse ano é o ano da esperança, porque já temos chuva, já tivemos uma boa colehita de acerola, siriguela; os pés de cajá já com flora, iniciando os frutos. A gente olha para o campo, já vê o verde, que é sinal de esperança. Esse ano, acreditamos que dia 19 vai chover e que vai continuar para a gente plantar e colher com fartura e qualidade para alimentar essa nação tão carente de alimentos saúdaveis”.

Feira de Santana em situação de estiagem

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Foto: STR

Os impactos da seca nos últimos anos foram severos em Feira de Santana, afetando a produção de alimentos e a geração de renda de muitas famílias agricultoras. O decreto de estiagem vigente no município, válido por 180 dias, termina este ano com a expectacitva é que a situação melhore.

O coentro, por exemplo, que por conta da seca, chegou a custar até R$ 6 a unidade, já é encontrado de até R$ 2,50 nas feiras livres. Isso porque, segundo Conceição, as chuvas que caíram melhoraram e muito a produção.

“Na região de Feira de Santana, tivemos queda de produção de até 90%. Isso afeta diretamente a geração de renda, porque quando eu não consigo produzir o milho, isso impacta também a criação de pequenos animais”, ressaltou.

Diante desse cenário, agricultores já se mobilizam para garantir um plantio ainda mais eficiente este ano. Inclusive, já foi encaminhado para a Secretaria de Agricultura do município listas com demanda de sementes, disponibilidade de trator para o preparo do solo.

Foto: Divulgação

Outro desafio dos agricultores da região é justamente a fertilidade do solo, que, segundo Conceição, vem se perdendo ao longo dos anos. A terra dos distritos, conhecida como “Terra de Tabuleiro”, precisa de uma forte adubação para produzir com qualidade.

“Nosso solo está pobre e precisa de correção. Isso demanda tempo, recursos e acompanhamento de uma equipe técnica, mas essa é uma luta que precisamos travar junto ao poder municipal, estadual e federal porque uma hroa a agricultura familiar nõ vai mais conseguir sobreviver se não houver imeditamente um projeto de desenvolvimento para a agricultura no município”, alertou.

Ainda em entrevista ao Acorda Cidade, Conceição Borges deixou uma mensagem de incentivo para os trabalhadores e trabalhadoras rurais da região de Feira de Santana:
“Continuamos unidos, lutando por uma agricultura forte e sustentável. Essas mãos que alimentam a nação não podem desistir. Resistência sempre é o nosso nome, é o nosso papel e é a nossa tarefa”, completou.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

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