Cegonhas da Noite: moradora de Feira de Santana busca descobrir quem são os pais biológicos

Lausanne Vicetim, deixada ainda bebê na década de 1990 na porta de uma casa no bairro Parque Ipê, em Feira de Santana
Lausanne Vicetim, deixada ainda bebê na década de 1990 na porta de uma casa no bairro Parque Ipê, em Feira de Santana | Foto: Ney Silva / Acorda Cidade

Uma mulher de 35 anos está tentando encontrar os pais biológicos. Lausanne Vicetim foi deixada ainda bebê na porta de uma residência no bairro Parque Ipê, em Feira de Santana, no início da década de 1990. Mesmo sendo acolhida com muito afeto pela proprietária da casa, a feirense quer solucionar um grande mistério: a própria origem.

Vicetim contou, em entrevista ao Acorda Cidade, que o desejo de descobrir quem são os pais biológicos estava adormecido e se intensificou nos últimos três anos, após ela ter o primeiro filho. A maternidade fez com que ela voltasse a se questionar sobre quais motivos poderiam ter levado uma mãe a abandonar o próprio filho.

Qualquer informação que leve ao paradeiro dos pais biológicos de Lausanne pode ser fornecida através do telefone (75) 99190-9325.

As pistas para a solução do caso

A mulher, que atualmente é auxiliar administrativa, acredita que foi um dos muitos bebês entregues pelas Cegonhas da Noite, um grupo secreto de mulheres que recebiam crianças cujos pais não desejavam criá-las e faziam a doação para famílias de classe média e alta de Feira de Santana. O grupo agiu entre as décadas de 1980 e 1990.

Lausanne foi deixada na porta da casa de Dona Marta, mulher que viria a ser sua mãe adotiva, em uma caixinha com um bilhete. Essas características reforçam a ideia da atuação das Cegonhas no caso, pois era dessa maneira que elas normalmente deixavam os bebês.

“As pistas que nós temos são o que foi contado para minha mãe Marta, que eu era filha de uma empregada doméstica que trabalhava na casa de uma suposta enfermeira e que essa enfermeira, para não perder a mão de obra da minha mãe biológica, me tomou e me entregou para adoção”, disse Vicetim.

Traumas e conflitos internos

É um ponto pacificado entre psicólogos que o momento de revelar para a criança ou em alguns casos, para o adulto, que ele é fruto de uma adoção, é um dos mais delicados para a família. No caso de Lausanne, a revelação ocorreu aos 6 anos, após uma babá fazer uma afirmação desrespeitosa.

“Eu fiz uma birra de criança, disse para ela que não ia tomar banho. Então ela falou: ‘Você não quer tomar banho porque foi achada no lixo’. Aquilo ficou na minha cabeça. Quando minha mãe chegou, perguntei por que a babá tinha dito aquilo, então ela me explicou que eu não era uma filha que tinha saído da barriga dela, e sim do coração. Que fui muito desejada, sonhada, e de tanto ela pedir a Deus, Ele ouviu e me colocou na vida dela”.

Lausanne reforçou que o fato de ser adotada não fez diferença para a família que a acolheu. Ela disse que teve uma infância muito boa, com tudo que uma criança poderia ter. Além do suporte material, não faltou amor e carinho na formação dela, fator que deixava bem claro que não existia diferença entre ela e os irmãos, filhos biológicos de Marta. Mas a estrutura acolhedora não foi suficiente para inibir questionamentos internos sobre a origem da própria vida.

“Alguns questionamentos vieram com a turbulência da adolescência. Durante algum tempo, eu travei isso em mim, de não querer procurar saber. Depois que tive o meu primeiro filho, aí o negócio entornou. Eu quis saber de onde fui gerada, quem era minha mãe, meu pai, irmãos. Eu começava a olhar para as pessoas na rua e tentava identificar: será que é meu irmão? Será que é minha irmã? Será que essa mulher possivelmente poderia ser minha mãe?

O fim de um ciclo

Lausanne esclareceu que não está em busca de culpados, e sim de entender a origem da própria história e os motivos que levaram os pais biológicos a tomarem a decisão de entregá-la para adoção. Seja qual for o desfecho, uma coisa ela já garantiu: nunca irá deixar a família que a acolheu.

“Tenho imaginado durante esses dias como será esse reencontro. Acho que, no primeiro instante, só vou abraçá-los, tentar acolhê-los e entender quais foram os motivos que os levaram a fazer isso, para que esse ciclo se encerre, tanto para minha vida quanto para a deles”, concluiu.

Qualquer informação que leve ao paradeiro dos pais biológicos de Lausanne pode ser fornecida através do telefone (75) 99190-9325

Com informações do repórter Ney Silva, do Acorda Cidade

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