Cirurgia robótica transforma o tratamento da endometriose e devolve qualidade de vida às pacientes

Cirurgiões ginecológicos do IBCR, Dr. Marcos Travessa e Drª Gabrielli Tigre
Cirurgiões ginecológicos do IBCR, Dr. Marcos Travessa e Drª Gabrielli Tigre | Foto: Divulgação

A endometriose afeta cerca de sete milhões de brasileiras, segundo dados do Ministério da Saúde, e pode causar dores incapacitantes, infertilidade e impactos significativos na rotina das mulheres. No tratamento cirúrgico da doença, quando há indicações precisas, a tecnologia tem sido uma grande aliada. A cirurgia robótica, técnica minimamente invasiva, vem se consolidando como uma das opções mais eficazes, proporcionando maior precisão na remoção das lesões e recuperação mais rápida para as pacientes.

A cirurgia robótica foi introduzida na medicina na década de 1980, ganhando destaque nos anos 2000 com a popularização do Sistema Da Vinci, aprovado pelo FDA (Food and Drug Administration) em 2000. No Brasil, a primeira cirurgia robótica ocorreu em 2008. Na Bahia, o primeiro procedimento utilizando essa tecnologia aconteceu no dia 23 de março de 2019. A técnica tem sido cada vez mais utilizada em diversas especialidades, incluindo a ginecologia.

Diferente da laparoscopia tradicional, a cirurgia robótica oferece visão tridimensional ampliada e maior precisão para o cirurgião, que opera os instrumentos remotamente por meio de um console. “A plataforma robótica viabiliza intervenções cirúrgicas complexas com maior facilidade, proporcionando menos morbidade para as pacientes, que, em geral, recebem alta hospitalar no dia seguinte ao procedimento”, explica o cirurgião Marcos Travessa, coordenador do Núcleo Ginecologia do IBCR e do Centro de Endometriose da Bahia.

O procedimento também minimiza sangramentos, reduz dor pós-operatória e preserva órgãos reprodutivos, sendo uma opção valiosa para mulheres que desejam engravidar no futuro. “A precisão dos movimentos e a estabilidade da imagem proporcionadas pela cirurgia robótica resultam em menos dor pós-operatória e um retorno mais rápido às atividades diárias”, destaca a cirurgiã ginecológica Gabrielli Tigre, integrante do Núcleo de Ginecologia do IBCR.

Superação – A pedagoga Ingrid Gomes (30) conviveu com os sintomas da endometriose por quase uma década. Dores incapacitantes, afastamentos do trabalho e impactos na vida pessoal faziam parte da sua rotina. Após anos de tratamentos convencionais, ela encontrou na cirurgia robótica a solução definitiva para seu sofrimento.

“A cirurgia robótica foi um alívio para mim, pois me proporcionou qualidade de vida. Louvo a Deus pela oportunidade de ter feito essa cirurgia e pela equipe médica, pois fui muito bem acolhida, me senti segura o tempo todo, estava em ótimas mãos. Minha recuperação foi bem tranquila”, relata Ingrid. Hoje, com mudanças na alimentação e a retomada da atividade física, ela celebra o fim das dores e mantém vivo o sonho de ser mãe.

Como funciona a cirurgia robótica? Durante o procedimento, o cirurgião controla remotamente braços robóticos equipados com instrumentos cirúrgicos de alta precisão. A câmera utilizada no sistema oferece visão tridimensional em alta definição, permitindo a identificação detalhada das lesões endometrióticas.

A tecnologia, regulamentada no Brasil pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e amplamente utilizada em centros de referência mundial, tem se consolidado como um dos métodos mais seguros e eficazes para o tratamento cirúrgico da endometriose. Em Salvador, a tecnologia robótica está disponível em quatro grandes hospitais.

Pesquisa e inovação – Com o objetivo de ampliar os estudos sobre a endometriose e aprimorar o uso da cirurgia robótica no tratamento da doença, o IBCR mantém um departamento dedicado a pesquisas científicas na área.

“Como pesquisadora e membro do IBCR, estou desenvolvendo com o doutor Marcos Travessa pesquisas científicas com foco na endometriose e na aplicação da cirurgia robótica no tratamento multidisciplinar dessa patologia, buscando analisar casos clínicos-cirúrgicos, avanços, importância no tratamento e impacto que essa doença traz para mulheres”, conta a acadêmica de medicina e pesquisadora do Instituto Brasileiro de Cirurgia Robótica (IBCR), Aline Moerbeck.

O IBCR é uma das principais referências nacionais no uso dessa tecnologia. Seus especialistas já realizaram mais de duas mil cirurgias robóticas na Bahia, contribuindo para a modernização da medicina e o acesso a tratamentos de ponta.

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