Chamada pública busca pesquisadoras negras para estudo sobre impactos da Marcha das Mulheres Negras

Marcha das mulheres negras 2015 - ft ag brasil - marcelo casal jr
Foto: Marcelo Casal Jr/Agência Brasil

A mobilização histórica das mulheres negras no Brasil ganhará um estudo inédito sobre seu impacto na luta contra as desigualdades raciais e de gênero. A Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver 2025, com apoio e correalização da Associação Brasileira de Pesquisadore/as Negro/as (ABPN), a Associação Gênero e Número, o Observatório da Branquitude e a Oxfam Brasil, lançou um chamado para pesquisadoras negras interessadas em desenvolver um estudo técnico sobre os avanços na igualdade de raça e gênero conquistados desde a Marcha das Mulheres Negras contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver, realizada em 2015, em Brasília (DF).

O objetivo do estudo é analisar os impactos da mobilização das mulheres negras na formulação e implementação de políticas públicas voltadas à população negra nos últimos 10 anos. A pesquisa também oferecerá recomendações para fortalecer a luta por reparação histórica e equidade, temas centrais da Marcha de 2025, que terá alcance internacional.

Bárbara Barboza, coordenadora de Justiça Racial e de Gênero da Oxfam Brasil, destaca a importância da contribuição das organizações da sociedade civil com a Marcha das Mulheres Negras pelo Bem Viver e Reparação.  “A Oxfam Brasil é uma organização que atua no enfrentamento das desigualdades e tem a Justiça Racial e de Gênero como fundamento de sua estratégia de trabalho, por isso, em parceria com o Observatório da Branquitude e a Fundação Gênero e Número, será elaborada a pesquisa que evidencia as contribuições das mulheres negras em marcha nas políticas públicas desse país.”

Terlúcia Silva, que faz parte do Comitê Impulsionador Nacional da Marcha representando a Rede de Mulheres Negras do Nordeste, comenta que a chamada pública para a pesquisa é fundamental para garantir uma sistematização mais robusta dos impactos da Marcha. “Passaram-se dez anos e a gente precisa entender qual foi o movimento feito no Brasil, do ponto de vista de políticas públicas para enfrentar as desigualdades, que colocam as mulheres negras em situações mais vulneráveis do que outras populações.”

Além disso, a ativista destaca que a opção por pessoas negras reivindica o lugar da população negra como produtora de informação e dados — a mesma posição que historicamente tem sido negada pela sociedade. Segundo ela, as produções epistemológicas do movimento negro e do movimento de mulheres negras têm sido fundamentais para evidenciar as desigualdades socioeconômicas no Brasil, por meio de pesquisas. No entanto, as mulheres negras ainda enfrentam um histórico de apagamento de suas contribuições teóricas e técnicas, sendo suas narrativas frequentemente contadas a partir do olhar de pessoas brancas. Diante desse cenário, a chamada pública busca ampliar esse espaço e incentivar pesquisadoras negras a ocuparem o protagonismo na construção do conhecimento sobre as desigualdades no país.

Oportunidade para pesquisadoras negras

A chamada pública convida pessoas negras (preferencialmente mulheres e LGBTQIAPN+) com experiência comprovada em análises e narrativas sobre desigualdade racial e de gênero a se inscreverem para a consultoria. As candidatas selecionadas irão desenvolver um relatório técnico baseado em dados oficiais e pesquisas recentes, detalhando os avanços, desafios e perspectivas futuras da incidência política dos Movimentos de Mulheres Negras. 

O Termo de Referência com mais informações sobre está chamada pode ser acessado no site da Articulação de Organizações de Mulheres Negras Brasileiras (AMNB) amnb.org.br, já as inscrições podem ser realizadas até 21 de março de 2025, através do formulário disponível no link: https://bit.ly/PesquisaMarchaDasMulheresNegras . O orçamento disponível para a consultoria é de R$60 mil (sessenta mil reais),  já contemplados os impostos, encargos sociais e demais despesas, conforme regime da instituição de pesquisa e/ou ensino.

Ao final do projeto, deverá ser apresentado um relatório que servirá como instrumento para o fortalecimento das reivindicações da Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver 2025, que pretende reunir 1 milhão de mulheres negras do Brasil e diversos outros países do mundo. A expectativa é que o estudo contribua para embasar políticas públicas e ações concretas em prol da reparação e da equidade racial no país.

Mulheres Negras em Marcha

Mais de 100 mil mulheres negras do Brasil marcharam em 2015 contra o Racismo, a Violência e pelo Bem Viver – um processo histórico que impactou e definiu os rumos da organização política das mulheres negras no Brasil e na América Latina.

Quase dez anos depois, os movimentos de mulheres negras fazem uma nova mobilização, desta vez para a Marcha das Mulheres Negras por Reparação e Bem Viver, a 2ª Marcha Nacional (de caráter internacional) das Mulheres Negras, que acontecerá no dia 25 de novembro de 2025, também em Brasília (DF).

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