
Core 3 Tecnologia adquire CT do Fluminense de Feira para evitar leilão judicial
A Core 3 Tecnologia, empresa da Sociedade Anônima do Futebol (SAF) do Fluminense de Feira, anunciou a aquisição do Centro de Treinamento (CT) do clube para evitar o leilão judicial do imóvel devido a uma dívida trabalhista.
A SAF manterá 10% do CT e seguirá o contrato com a associação, garantindo o funcionamento do clube. O anúncio foi feito durante uma live realizada na noite desta segunda-feira (10), com a presença de representantes do clube, da SAF e da imprensa.
O CT estava penhorado desde 2020 e, conforme o contrato da SAF, o pagamento das dívidas estava condicionado a um parcelamento em 10 anos. No entanto, a Justiça não aceitou essa condição e determinou que o pagamento ocorresse em dois anos. Segundo o diretor administrativo da SAF e CEO da Core 3, André Oliveira, a associação solicitou à SAF uma solução para viabilizar o pagamento dentro do prazo estabelecido pela Justiça.
“A própria Justiça sugeriu uma venda direta. Então, a ideia é que nós compremos o CT, continuemos fazendo o investimento. A associação é sócia da SAF em 10%, então ela continua sendo dona de um percentual do CT e a gente paga essa dívida, credita à associação R$ 5 milhões, faz uma doação de 10 tarefas de terra em outra localidade em Feira de Santana para a associação para usufruto e faz um pagamento mensal durante o período da SAF de cinco salários-mínimos, a título de boa-fé para manutenção das despesas da associação”, explicou André Oliveira em entrevista ao Acorda Cidade.
O dirigente destacou que a SAF seguirá com o projeto no clube e que as condições acordadas serão cumpridas. “A gente vai continuar o trabalho da SAF. Nós assumimos um compromisso. O contrato é feito para ser seguido e a gente não foge da regra. Esperamos que a associação tome a melhor decisão para o futuro do Fluminense”, afirmou.
Desde que assumiu o clube, a SAF já investiu aproximadamente R$ 12 milhões.
Atualmente, sem considerar o time profissional, o Fluminense de Feira tem um custo mensal em torno de R$ 450 mil apenas com a divisão de base. A aquisição do CT faz parte do planejamento para manter a estrutura e garantir a continuidade dos investimentos no clube.

Entenda o caso:
De acordo com o advogado da SAF, Tiago Matos, o CT foi penhorado após o descumprimento de um acordo global firmado pelo clube no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) em 2020. Com a execução da dívida, a SAF solicitou a possibilidade de realizar uma venda direta do imóvel, evitando o leilão.
“No intuito de evitar o leilão judicial, nós pedimos a oportunidade ao Judiciário de tentar fazer a venda direta, ou seja, procurar um comprador para que o bem seja vendido diretamente e não vá a leilão. A SAF apresentou uma proposta para essa compra, mas poderia ter sido qualquer outra empresa”, afirmou o advogado ao Acorda Cidade.
Ele disse que o presidente do clube, Zé Chico, chegou a buscar outras empresas interessadas na compra do CT, mas nenhuma formalizou proposta. Assim, a venda à SAF se tornou a única alternativa viável. Matos reafirmou que essa opção permite que o Fluminense permaneça com 10% da propriedade do CT e cumpra sua obrigação contratual com a SAF.
“Além de termos 10% do CT após a venda, a associação não descumpriria o contrato com a SAF, pois é obrigação da associação entregar o bem livre e desimpedido de qualquer ônus. Com essa venda, o clube cumpre parte do acordo firmado na constituição da SAF em 2024”, explicou.
A dívida trabalhista auditada está avaliada em R$ 3 milhões, enquanto a avaliação oficial do CT, realizada por um perito judicial, foi de R$ 2,8 milhões.
“Mas essa dívida, sendo negociada com a SAF, não impede que o clube receba os valores que a SAF já havia se comprometido a pagar quando assinou o contrato. Além da dívida, haverá pagamento e outras compensações. Precisamos formalizar a proposta, apresentá-la à Assembleia e, posteriormente, ao Judiciário”, completou.
O advogado ressaltou que, obviamente, a compra do CT não interfere em nada na rotina do Fluminense de Feira. O clube seguirá utilizando o espaço para treinamentos e disputará normalmente a segunda divisão do Campeonato Baiano.
Com informações do repórter Paulo José do Acorda Cidade
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