O Colégio Estadual Professora Tecla Mello, localizada na Avenida Centenário, no bairro SIM, em Feira de Santana, encerrará suas atividades em 2025, marcando o fim de uma história de quase 50 anos de educação de qualidade.
Criada junto ao antigo Serviço de Integração de Migrantes (SIM), a instituição nasceu para atender a necessidade de alfabetização dos migrantes, dando acesso a cursos profissionalizantes.
“Geralmente o migrante, ele saía de sua terra querendo viver na cidade sem documento e analfabeto de pai e de mãe. E como analfabeto, ele não poderia fazer um curso de solda elétrica, de eletricista, nem mesmo de carpinteiro. Então nós precisávamos de alfabetizá-lo, e aí nós começamos com a alfabetização, deu origem à chamada Escola SIM, e depois foi transformada, a pedido dos professores, em Colégio Professora Tecla Mello”, explicou o professor Josué Mello, presidente do Instituto de Educação e Desenvolvimento (Ined).
A parceria entre o Ined e o Governo do Estado da Bahia durou 48 anos, permitindo que o colégio funcionasse como parte da rede estadual de ensino.
Segundo Josué, em dezembro de 2024, o diretor do colégio foi exonerado pelo Estado sem nenhuma explicação sobre a dispensa do cargo. O Colégio, que atua em parceria entre estado e o Ined, cede o espaço desde o início dos trabalhos. Entretanto, após esses embates, o parceria será desfeita.
“Faz parte do acordo, é uma das cláusulas do acordo que o único benefício que o Ined tem, a única primazia é a de indicar o diretor que pertence à rede estadual. Então nós indicamos, ele foi demitido sumariamente e passamos uma semana inteira sem contato nenhum, o pessoal não quer atender, não quer dar satisfação. Então, que educação é essa aqui onde não há o diálogo?”, declarou ao Acorda Cidade.
Josué Mello contou que recorreu ao governador do Estado e, após reuniões com a secretária de Educação, ficou decidido que a parceria seria encerrada.
“E nesse encontro ficou acertado que nós encerraríamos essa parceria e que, dentro de três meses, o Estado devolveria o prédio para o Ined traçar um outro rumo, um outro caminho. Saímos assim com essa decisão, mas depois mudaram de ideia, nomearam diretora, a revelia da entidade parceira, dois dias depois, demitiram novamente a diretora. Temos tido várias reuniões. Eu concordei em manter o colégio, não só por dois meses, mas até o final do ano de 2025”, afirmou.
De acordo com o professor, outro problema com a secretaria de Educação tem sido a liberação insuficientes de vagas. O colégio que é bastante procurado por sua excelência e qualidade de ensino tem uma alta demanda de matrículas. Se as vagas não forem abertas, muitos estudantes da região correm o risco de não conseguirem continuar seus estudos.
“Estamos com a procura grande, mas a secretaria liberou o mínimo de matrícula possível e estamos com um problema sério de jovens estudantes querendo continuar o seu estudo e sem poder, sem ter a matrícula. […] Os alunos excedentes, quer dizer, excedentes da quantidade de matrícula que foi liberada pela secretaria”, lamentou o professor.
Diante desse impasse, o Ined decidiu destinar o prédio da escola para um novo propósito. O espaço vai ser doado para o Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Baiano (IF Baiano).
“Vamos trazer um campus desse instituto para Feira de Santana. Então ele vai aqui se encarregar de ministrar ensino médio profissionalizante, com a chancela de um Instituto Federal. Isso significa que o aluno que estudar nesse instituto, vai ter um Ensino Médio, podendo se matricular numa universidade ou se não quiser continuar o seu estudo na universidade, ele já será um técnico formado por um Instituto Federal de Tecnologia. Isso significa sair daqui com o emprego certo, com o emprego garantido”, anunciou o professor.
Ainda segundo Josué Mello, as tratativas com o reitor do IF Baiano já iniciaram para dar seguimento a transição em 2026. Os gestores já estão discutindo os cursos que poderão ser implementados na região.
A unidade que atende estudantes de 1º ao 3º ano do ensino médio, faz uma homenagem a professora, pedagoga, Tecla Dias de Oliveira Mello, que construiu um vasto legado na educação da cidade. Ela também é casada com o professor Josué Mello.
Com informações do repórter Ed Santos do Acorda Cidade
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