Mais de 180 adolescente deram à luz no HEC em 2024

Gravidez na adolescência
Manuel Alejandro/ Leon Pixabay

No ano passado, 186 adolescentes deram à luz no Hospital Estadual da Criança (HEC) em Feira de Santana. O número reforça a importância de ampliar o debate sobre os riscos, tanto para mães quanto para bebês, da chamada gravidez na adolescência, como são classificadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) as gestações que ocorrem dos 10 aos 19 anos.

Um levantamento realizado pelo HEC apontou que, em 2024, o hospital realizou 33 partos em meninas de 14 anos ou menos. No mesmo período, foram realizados 153 em adolescentes com idades entre 15 e 17 anos. No primeiro mês deste ano, já foram contabilizados 21 partos.

Número de partos realizados em adolescentes no HEC
Número de partos realizados em adolescentes no HEC | Foto: Departamento de Arte / Acorda Cidade

Em entrevista ao Acorda Cidade, a enfermeira Nayana Silva, que coordena o Centro Obstétrico do HEC, explicou que a partir do momento em que uma adolescente grávida chega à unidade em trabalho de parto, o hospital inicia o protocolo de acolhimento da jovem, realizando o levantamento do histórico de saúde e a classificação de risco.

Nayana Silva, enfermeira e coordenadora do Centro Obstétrico do HEC
Nayana Silva, enfermeira e coordenadora do Centro Obstétrico do HEC | Foto: Ney Silva / Acorda Cidade

“Elas chegam muito temerosas em relação ao tipo de parto, se vai ser normal, principalmente pela falta de informação. A imaturidade da própria idade acaba provocando. Elas têm muito dúvida em relação a como vai ser o parto: ‘Será que eu vou ter que parir normal?’ Essa é uma preocupação tanto delas quanto dos acompanhantes”, disse.

Normal ou cesáreo

A coordenadora explicou que o hospital tem a capacidade de atender casos de alta complexidade, porém, seguindo a literatura médica e levando em consideração a baixa idade das pacientes, o ideal é sempre, se possível, realizar o parto normal.

“É um parto fisiológico, é melhor para a paciente e para o seu bebê. Nós temos enfermeiras obstétricas dentro do nosso centro obstétrico para poder atender essas pacientes e, quando for indicada a cesariana, durante a gestação, a paciente pode dar entrada através da lista no nosso prontuário de alto risco com encaminhamento vindo do pré-natal”, disse Nayara.

Fachada do Hospital Estadual da Criança (HEC) em Feira de Santana
Fachada do Hospital Estadual da Criança (HEC) em Feira de Santana | Foto: Ney Silva / Acorda Cidade

Pré-Natal

A enfermeira explicou que a paciente precisa fazer o pré-natal, uma espécie de acompanhamento médico que é realizado durante a gravidez, em uma unidade básica de saúde disponível no município, para ser encaminhada, caso necessário, para o HEC.

Nayara explicou que o hospital conta com uma equipe multidisciplinar para atender as adolescentes, que conta com médico, enfermeiro, técnico de enfermagem, assistência psicológica, nutricionista, serviço social e fisioterapeuta, para dar assistência tanto para a mãe quanto para o recém-nascido.

Os riscos

A enfermeira Rayana Marinho, Coordenadora da enfermaria obstétrica do HEC, explicou que o trabalho de parto de prematuros, bebês que nascem antes de completar 37 semanas de gestação, são classificados como uma situação emergencial, mas que os riscos são os mesmos em toda a faixa etária da adolescência.

Rayana Marinho, enfermeira e coordenadora da enfermaria obstétrica do HEC
Rayana Marinho, enfermeira e coordenadora da enfermaria obstétrica do HEC | Foto: Ney Silva / Acorda Cidade

“Os riscos da gravidez na adolescência são considerados até os 19 anos, se a gente for para o que a literatura nos traz. Então os riscos são os mesmos, mas pacientes com idades entre 10, 11 e 12 anos acabam chamando mais atenção porque estamos lidando praticamente com uma criança”, disse a enfermeira.

Marinho explicou que, dependendo da idade da paciente, a polícia precisa ser acionada, porque o caso pode ser enquadrado como estupro de vulnerável, e que todos os casos de gravidez na adolescência são informados ao Conselho Tutelar. A enfermeira reforçou que o HEC sempre coloca à disposição das pacientes uma rede de apoio.

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade

Reportagem escrita pelo estudante de jornalismo Jefferson Araújo sob supervisão 

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