A Secretaria de Educação de Feira de Santana deu início nesta segunda-feira (3) à Jornada Pedagógica de 2025, com o objetivo de fortalecer o ensino na rede municipal. A iniciativa, que contou com a grande presença de professores, gestores e especialistas em educação, discutiu temas como a importância do legado dos professores, a formação de cidadãos críticos e a necessidade de uma educação de qualidade, principalmente a de base.
A abertura contou com a presença do vice-prefeito e secretário de Educação, Pablo Roberto, e do renomado educador e palestrante Rossandro Klinjei, que trouxe uma perspectiva motivacional sobre o papel do professor na sociedade atual.
Durante o evento, que retornou após quatro anos, o prefeito destacou a necessidade de investimentos em infraestrutura escolar, principalmente após a ampliação do número de vagas na rede municipal.
“Nós temos a necessidade de adquirir em torno de 15 mil carteiras escolares. Estamos fazendo a parte burocrática para comprar isso. Estamos publicando também as licitações para fardamento escolar e material didático. E eu espero que, nos próximos meses, essas questões pendentes sejam resolvidas. Não era bom começar o ano faltando isso, mas, infelizmente, vai acontecer”, pontuou.
Outro ponto abordado foi a nomeação de professores aprovados no concurso público do ano passado. O gestor espera nomear 100% dos professores que foram aprovados.
“Aqueles que o concurso público não atender à demanda, nós abriremos imediatamente uma outra seleção, porque o nosso objetivo é que não falte nenhum professor na sala de aula”, afirmou o prefeito. Ainda segundo ele, o tempo para a nomeação está sendo executado dentro da lei, conforme o edital, e a Secretaria de Administração está acompanhando o processo.
Com o aumento do número de matrículas, que neste ano chegou a 56 mil alunos, a prefeitura se organiza para atender à demanda.
“Desde quando assumimos o governo, foi o primeiro ato do prefeito Zé Ronaldo autorizar a continuidade do concurso público realizado no ano passado. Nós convocaremos de forma imediata 300 professores. O concurso só permite chamar 300”, afirmou o secretário de Educação. “Pelo levantamento que fizemos no início do mês passado, estávamos com a necessidade de 250 professores para começar o ano letivo sem nenhum problema. Acredito que os 300 professores irão reforçar muito, e espero que até o início de março não tenhamos nenhum problema com falta de professor em sala de aula.”
Pablo ainda destacou que muitas unidades foram reformadas e construídas na gestão anterior, mas ainda há um déficit de muitos móveis e equipamentos que precisam ser adquiridos.
“A nossa expectativa é que, ainda no dia de hoje, nós possamos publicar a licitação para aquisição do fardamento. Então, tudo aquilo que foi possível fazer, que está sendo possível fazer dentro desses 30 dias de administração.”
A Jornada Pedagógica também foi um momento de reflexão sobre o papel transformador da educação. Para o palestrante, escritor e psicólogo clínico Rossandro Klinjei, é essencial que os professores tenham consciência do impacto de seu trabalho na sociedade.
A fala dele questionou qual é o legado que o educador deixa para a sociedade.
“Qual é o legado que, como educador, eu deixo? Porque legado todos nós deixamos. A gente pode ter consciência desse legado ou não. Só que, quando a gente tem consciência desse legado, a gente faz com intencionalidade, a gente entende o propósito de cada vida que passa na nossa vida, que a gente possa entregar o nosso melhor, para que a gente possa garantir que aquelas pessoas possam ter, e a gente sabe disso, especialmente num país como o nosso, que tem tanta injustiça social, a educação muda a vida das pessoas, ela tira você para um novo patamar.”
Para o escritor, em um contexto de avanços tecnológicos e transformações culturais, a educação tem um papel fundamental na formação das novas gerações.
“A ciência continua caminhando, desenvolvendo, fazendo novas descobertas, e a educação é o lugar privilegiado onde você faz uma curadoria, ou seja, uma seleção daquilo que está sendo produzido em termos de conhecimento humano para oferecer às gerações futuras, para que possam, inclusive, vir uma nova jornada de cientistas para continuar nessa construção do conhecimento humano”, destacou.
Klinjei, que também é mestre em Saúde Coletiva, abordou a importância da escola como espaço de convívio social e aprendizado. Para ele, a proibição do uso de celulares em sala de aula é um passo positivo.
“Os alunos voltam a se encontrar. Curiosamente, estive em uma escola recentemente e a diretora me disse: ‘Rossandro, os alunos estavam perguntando para os educadores como é que eles paqueram, porque eles não sabem’. Porque viviam só no celular, nos emojis. Então, a gente vai voltar a ter crianças gritando no intervalo, brincando, caindo, vivendo, na verdade.”
Ele ainda reforçou que, para além da proibição em salas de aula, é importante que pais e responsáveis regulem o tempo de tela das crianças e adolescentes quando estiverem em casa, como um grande esforço coletivo pelo aprendizado e desenvolvimento dos estudantes.
“A família tem que entender que ela é a educadora moral e emocional dos filhos, a escola continua essa jornada, mas muito do que a gente vive na escola hoje, você sabe. Uma pessoa que grita com o professor também grita com o pai e com a mãe. A gente sabe disso. Então, assim, é uma coisa que não é somente a escola a única responsável pela educação. Ou seja, a sociedade é responsável, a família é a primeira escola.”
O educador ainda pontuou o quanto a diferença nos índices educacionais pode variar a depender do quanto se investe na educação, seja no Brasil ou pelo mundo afora. Nos Estados Unidos, por exemplo, dados que fazem essa avaliação também variam a depender do bairro, da infraestrutura de cada unidade, das questões socioeconômicas, entre outras demarcações sociais.
“É preciso continuar investindo, qualificando, entendendo a importância da educação como uma prioridade política de Estado e não política de governo. Os governos passam, o município, Feira, continua, o Estado, Bahia, continua, o país, Brasil, continua, independentemente de quem está no poder. Então, se você tem uma noção de que a educação tem que ser uma política de Estado para uma geração, fica muito mais fácil subir os índices gerais da educação no Brasil como um todo.”
A Jornada Pedagógica segue até a próxima quarta-feira (5). No dia 6, a rede municipal inicia as aulas.
Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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