
Nem a chuva foi capaz de apagar a chama da fé, da tradição e da cultura sertaneja que tomou conta de Feira de Santana neste domingo (1º). A cidade recebeu a 1ª Cavalgada de Santo Antônio, dentro da programação da Trezena do santo casamenteiro, reunindo dezenas de vaqueiros, amazonas, charreteiros e amantes da cultura nordestina.

A concentração começou logo após a missa das 8h30, na Paróquia dos Capuchinhos. Foram coroadas a rainha e a princesa da cavalgada, um momento simbólico que trouxe ainda mais brilho ao evento. Depois da bênção do pároco, os participantes seguiram em desfile até o Parque de Exposições.
Para a rainha da cavalgada, Lila Brandão, foi uma satisfação representar um evento em homenagem a Santo Antônio.

“Agradeço a todos que me fizeram esse convite, em especial à Associação dos Organizadores de Cavalgadas e à organização da Cavalgada de Santo Antônio. É a primeira vez que eu participo como rainha de uma cavalgada, e claro, montada, pronta, preparada e querendo”, contou.

Ao lado da realeza sertaneja, estava também a princesa Carla Almeida, que trouxe a experiência de quem vive essa tradição há 15 anos.

“Minha expectativa é muito grande, porque é a primeira vez que fui convidada para ser princesa. É uma honra. A primeira cavalgada do grupo Santo Antônio, do Santuário. E é minha vida. Tanto que eu também tenho um grupo de cavalgada. Dia 10 de agosto vai ter a primeira cavalgada do nosso grupo, do Chame Cuida”, destacou.

Fé que caminha junto
Para o pároco e reitor do Santuário dos Capuchinhos, Frei Liomar Pereira, a cavalgada é muito mais que um desfile — é evangelização em movimento.

“Essa ideia nasce de quando a nossa igreja foi elevada a santuário. E então ela precisa cada vez mais ser uma igreja presente no meio do povo, como pede o Papa Francisco, uma igreja em saída. Embora seja uma cavalgada, ela tem sempre um cunho de evangelização. Queremos levar a nossa grande esperança apresentada por Santo Antônio, que é Jesus Cristo. Ele é a nossa esperança, Ele é o sentido da nossa vida. Então, nós queremos levar Jesus Cristo aonde quer que se encontre uma pessoa, um devoto, uma devota, um romeiro e uma romeira gloriosa”, explicou.

A Trezena de Santo Antônio começou no último sábado, dia 31 de maio, e segue até 13 de junho. Segundo o frei, “cada noite tem um subtema, mas o tema central é: ‘Sob o olhar de Santo Antônio de Feira de Santana, nós contemplamos a esperança: Nosso Senhor Jesus Cristo’.”

Tradição que atravessa gerações
O evento não reuniu apenas os apaixonados por cavalos, mas também famílias e comunidades inteiras.

Erisvaldo Manoel da Silva trouxe seu cavalo e resumiu em poucas palavras a energia que move quem vive essa cultura: “Sempre estou participando de cavalgada. É bom demais, rapaz. É muito bom. Encontra novos amigos, tudo bom.”

A amazona Ana Cláudia Jesus Silva, que é da comunidade São Jorge, na Lagoa Salgada, também fez questão de participar. Ela, que faz parte dos grupos de cavalgada desde a infância, não poderia ficar de fora da 1ª Cavalgada promovida pelos Capuchinhos.

“Sempre participei de cavalgada. Meu pai também gostava. Onde eu moro, todo mundo tem grupo de cavalgada. Estamos sempre nos reunindo. Faz bem pra saúde. E hoje eu tenho até uma loja, a Elisa Rações e Feno, vendo tudo pra cavalo. Desde pequena eu monto, só parei um tempo para trabalhar, casei, construí uma família, mas agora não perco mais uma cavalgada”, revelou ao Acorda Cidade.

Festa no caminho e no destino
Apesar da chuva que caiu no início da manhã, a programação seguiu firme. De acordo com Urias Barros, organizador da cavalgada, a expectativa era receber nas ruas de Feira de 300 a 500 cavalos.

Ao longo do trajeto, um trio animava os participantes, que foram recebidos no Parque de Exposições com shows e muita música. Tudo organizado em parceria com o Terço dos Homens e o Santuário de Santo Antônio.
Entre os presentes, também estava o padre Daniel Bittencourt, da Paróquia Nossa Senhora de Brotas, em Milagres (BA), que destacou como a fé e a cultura caminham juntas.

“Tudo está envolvido, até porque Jesus, ao nascer, foi levado por José e Maria no jumentinho ao deserto. E também, quando entrou em Jerusalém para ser entregue e crucificado, entrou montado em um jumentinho. Não tem como fugir: religiosidade e cultura estão sempre juntas, principalmente na cavalgada.”

O padre veio de carro, mas devidamente trajado como cavaleiro, reforçando que, mais do que uma montaria, a cavalgada é símbolo de resistência, tradição e muita fé.
“São 120 quilômetros, então não é assim… Estive de carro, mas eu tenho a graça de conhecer aqui uma pessoa chamada Urias, que é um cara fantástico, um religioso, um ministro da Eucaristia. A gente se conheceu há um tempo atrás, e ele me fez esse convite. Eu tive a graça de poder me organizar para estar aqui junto com ele e participando dessa cavalgada.”

Com informações do repórter Ney Silva do Acorda Cidade
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